Publicado: Sexta-feira, 19 de maio de 2006
Uma dose a mais
Dias atrás escrevi um artigo chamado Poção Mágica no qual estabeleci uma relação entre o encantamento e a esperança, costurando a idéia central do texto com a analogia de um líquido incomum que foi gotejando pelos ares do mundo irreal. De certa forma, tentei diluir a realidade sob as brumas do desconhecido.
Nesta semana, ao receber em casa um exemplar atual da revista Nova Escola, encontrei no final do suplemento uma mensagem bastante significativa que me levou novamente aos mesmos espaços lúdicos da viagem que fiz enquanto criava Poção Mágica.
"Hoje não há razões para otimismo. Hoje só é possível ter esperança. Esperança é o oposto do otimismo. Otimismo é quando, sendo primavera do lado de fora, nasce a primavera do lado de dentro. Esperança é quando, sendo seca absoluta do lado de fora, continuam as fontes a borbulhar dentro do coração. Camus sabia o que era esperança. Suas palavras: 'E no meio do inverno eu descobri que dentro de mim havia um verão inesquecível...' Otimismo é alegria por causa de: coisa humana, natural. Esperança é alegria a despeito de: coisa divina. Otimismo tem suas raízes no tempo. A esperança tem suas raízes na eternidade. O otimismo se alimenta de grande coisas. Sem elas, ele morre. A esperança se alimenta de pequenas coisas. Nas pequenas coisas ela floresce. Basta-lhe um morango à beira do abismo. Hoje, é tudo o que temos ao nos aproximarmos do século XXI: morangos à beira do abismo, alegria sem razões. A possibilidade da esperança...".
Assim se formam os poemas no mundo real: tocam com leveza a etérea fantasia, aprumam suas formas e nos permitem enxergar com os vários sentidos.
Faltava este pequeno trecho da crônica "Sobre o Otimismo e a Esperança" para completar o passeio que comecei nas primeiras linhas de Poção Mágica: "A história circunda o tempo através dos fatos e também de seus mitos e lendas...".
Ainda que, para mim, no processo de elaboração do texto anterior, muita valia teve um pequeno legado de Charles Chaplin sobre o assunto, não consigo deixar de me permitir saborear as palavras de Rubens Alves sobre o tema e me apeguei à Antologia Poética de Drummond para confirmar minha escolha ilustrativa: "(...) ó Carlito, meu e nosso amigo, teus sapatos e teu bigode caminham numa estrada de pó e esperança".Penso, agora, que se algum nome tivesse o morango de um autor, o outro, poeta de Itabira, o teria chamado de José...
Em nada tendo, de concreto, a se apegar, é compreensível que o otimismo humano perca sua força e deixe de existir no ânimo das pessoas. Mas antes que acabe suas emanações no coração do homem, é necessário que parte de sua natureza seja destilada dentro da esperança, a fim de que não desapareça a mensagem principal de seu conteúdo. O mundo real precisa das sombras da caverna platoniana para continuar a existir e criar imagens de trilhas por onde passarão os pés daqueles que permanecerem dispostos a observar o movimento da vida interna e da vida externa, da consciência e da inconsciência, da realidade e da ilusão, sem comprometer a busca pela verdade.
Os poetas e filósofos, sejam eles eternos defensores, com idéias que escrevem utilizando serenamente as penas do bem, os tubos condensadores dessas profundas emanações de otimismo e de esperança que se interposicionam pela mente e a alma com avantajado equilíbrio e perfeição, ajudando a compor, em pequenas doses, aquilo que denominamos Natureza Humana.
Nesta semana, ao receber em casa um exemplar atual da revista Nova Escola, encontrei no final do suplemento uma mensagem bastante significativa que me levou novamente aos mesmos espaços lúdicos da viagem que fiz enquanto criava Poção Mágica.
"Hoje não há razões para otimismo. Hoje só é possível ter esperança. Esperança é o oposto do otimismo. Otimismo é quando, sendo primavera do lado de fora, nasce a primavera do lado de dentro. Esperança é quando, sendo seca absoluta do lado de fora, continuam as fontes a borbulhar dentro do coração. Camus sabia o que era esperança. Suas palavras: 'E no meio do inverno eu descobri que dentro de mim havia um verão inesquecível...' Otimismo é alegria por causa de: coisa humana, natural. Esperança é alegria a despeito de: coisa divina. Otimismo tem suas raízes no tempo. A esperança tem suas raízes na eternidade. O otimismo se alimenta de grande coisas. Sem elas, ele morre. A esperança se alimenta de pequenas coisas. Nas pequenas coisas ela floresce. Basta-lhe um morango à beira do abismo. Hoje, é tudo o que temos ao nos aproximarmos do século XXI: morangos à beira do abismo, alegria sem razões. A possibilidade da esperança...".
Assim se formam os poemas no mundo real: tocam com leveza a etérea fantasia, aprumam suas formas e nos permitem enxergar com os vários sentidos.
Faltava este pequeno trecho da crônica "Sobre o Otimismo e a Esperança" para completar o passeio que comecei nas primeiras linhas de Poção Mágica: "A história circunda o tempo através dos fatos e também de seus mitos e lendas...".
Ainda que, para mim, no processo de elaboração do texto anterior, muita valia teve um pequeno legado de Charles Chaplin sobre o assunto, não consigo deixar de me permitir saborear as palavras de Rubens Alves sobre o tema e me apeguei à Antologia Poética de Drummond para confirmar minha escolha ilustrativa: "(...) ó Carlito, meu e nosso amigo, teus sapatos e teu bigode caminham numa estrada de pó e esperança".Penso, agora, que se algum nome tivesse o morango de um autor, o outro, poeta de Itabira, o teria chamado de José...
Em nada tendo, de concreto, a se apegar, é compreensível que o otimismo humano perca sua força e deixe de existir no ânimo das pessoas. Mas antes que acabe suas emanações no coração do homem, é necessário que parte de sua natureza seja destilada dentro da esperança, a fim de que não desapareça a mensagem principal de seu conteúdo. O mundo real precisa das sombras da caverna platoniana para continuar a existir e criar imagens de trilhas por onde passarão os pés daqueles que permanecerem dispostos a observar o movimento da vida interna e da vida externa, da consciência e da inconsciência, da realidade e da ilusão, sem comprometer a busca pela verdade.
Os poetas e filósofos, sejam eles eternos defensores, com idéias que escrevem utilizando serenamente as penas do bem, os tubos condensadores dessas profundas emanações de otimismo e de esperança que se interposicionam pela mente e a alma com avantajado equilíbrio e perfeição, ajudando a compor, em pequenas doses, aquilo que denominamos Natureza Humana.
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