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Publicado: Quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

Um Monge Hindu Mexendo Com Dinheiro?

Por falar em pôr por terra as fantasias malsãs, lembro-me de que, na minha primeira viagem à Índia, eu estava almoçando num restaurante rural em Rishikesh e à minha frente almoçava um swami. Ao terminar, ele tirou algumas rupias de dentro dos panos enrolados no corpo, com os quais se vestia, e pagou a refeição. Um ato corriqueiro, mas eu, ocidental e ainda com as seqüelas de um espiritualismo estereotipado, fiquei chocado. Um monge hindu, mexendo com dinheiro! Se ele o tinha é porque ganhava o vil metal...
 
Alguns segundos depois do choque inicial tive um lampejo de lucidez e concluí: se ele não tivesse o seu dinheiro, ganho com o seu trabalho ‑ talvez aulas ‑ como pagaria a refeição? Se ele não pudesse pagar, então quem pagaria? Ninguém pagaria? Seria justo para o dono do restaurante, que também tinha seus credores e família para sustentar? A solução seria o monge não comer? Ou deveria parasitar a sociedade e explorar os que trabalham noutras profissões, mendigando-lhes seu sustento?
 
Claro que não. Nenhuma dessas alternativas poderia ser uma solução sensata. Portanto, estava evidentemente correto que o swami tivesse dinheiro e pagasse honestamente pela sua comida. Nem poderia ser de outra forma. Só uma mente mal educada e cheia de fantasias nem um pouco saudáveis, poderia esperar que fosse diferente.
 
O pior é que, assim como eu pensava na imaturidade da minha juventude alternativista, ainda há muita gente supostamente adulta imaginando que, mesmo um Instrutor de Yôga técnico, um profissional, que também tem sua família para manter e contas a pagar (até para poder lecionar em seu estabelecimento de ensino), não deve cobrar o justo
preço pelas aulas que ministra.
 
Este artigo é um extrato do livro Yôga: Mitos e Verdades, do Mestre DeRose.
Correspondência para o autor: Mestre DeRose
Al. Jaú, 2000
01420-002 São Paulo SP
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