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Publicado: Segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

Um conto de Natal

Um conto de Natal

Eça de Queiroz, em uma de suas “Cartas da Inglaterra”, dizia que a violência que mais nos toca são as mais próximas. Mortos na China – escrevia ele – não são iguais a um acidente com vítimas na sua rua.

Tomando-me essa afirmação de Eça de Queiroz não pude  deixar de citar, porque está na memória de minha vida a morte precoce de meu irmão Pio José Martin.

Primeiro a dor de perder um ente querido. Segundo pela morte trágica. Eram 14h de um dia quente de 27 de novembro  quando recebemos a notícia:  Mataram seu irmão!  Mais uma vítima da violência. Trabalhando na entrega de móveis das Lojas Cem, num bairro de Salto (Jardim Elizabeth), tentando acudir uma pessoa que gritava por socorro quando foi surpreendido por vários tiros do perseguidor. Morte quase que instantânea.  Dor e fatalidade!

Fui a portadora de tão grave e triste notícia aos meus pais. Quanta dor vi nos olhos da minha mãe que perdia o filho. Só lágrimas e silêncio...

E, de repente percebi que na minha família também poderia acontecer essas tragédias (como aconteceu), e como Eça de Queiroz disse  a minha e a nossa dor parecia também muito maior.

Faltavam exatamente 28 dias para o Natal do ano de 1980. O Natal sempre teve uma grande magia para nós e o primeiro sem Pio José não foi só triste. Foi dilacerante!

Este é um conto de Natal que eu não gostaria de ter escrito. Nem mesmo vivido...

Saudade!!!

Pio José descanse em paz!

Sua irmã Ditinha       

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