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Publicado: Sexta-feira, 30 de novembro de 2007

Um Cardeal Para São Paulo

Trata-se de um dos cardeais mais jovens do Sacro Colégio Pontifício. Dom Odilo Pedro Scherer conta apenas 58 anos de idade. Ele recebeu o barrete e o anel das mãos de Bento XVI, nos dias 24 e 25 de novembro, entre 22 outros de várias partes do mundo, sendo o único brasileiro.
 
As cerimônias foram realizadas na sublime e envolvente liturgia romana de Cristo Rei do Universo. O grupo dos novos purpurados se associa ao senado do Papa, como seu mais próximo colaborador no cumprimento fiel do ministério petrino. Segundo a atual legislação, são 120 os eleitores para um eventual conclave.
 
Pode-se ver no barrete que brilha sobre a cabeça dos cardeais, a imagem das línguas de fogo que pairaram sobre os Apóstolos no dia de Pentecostes. O anel metálico, no qual está esculpida a figura de Cristo crucificado, é sinal da fidelidade incondicional pedida a quem se entrega à obra de Deus, à maneira da fidelidade do Redentor que foi “obediente até à morte e morte de cruz” (cf. Fl 2,8).
 
Porém, embora estes símbolos riquíssimos mesclem também os sacrifícios, tudo tem um caráter de alegria, solenidade e nobreza para demonstrar que os que crêem no Cristo são testemunhas vivas da sua vitória sobre o mal e sobre a morte. Cremos no Deus da vida, que morreu, ressuscitou e continua vivo em sua Igreja, anunciadora de seu Reino.
 
As Homilias do Papa
Nas duas homilias de Bento XVI, inúmeras mensagens enriqueceram o coração de quem as escutou com fé.
 
A menção à paz do Iraque, para o qual o Papa escolheu um cardeal do rito Caldeu, recordou que um dos aspectos mais importantes do ministério petrino é o de anunciar o Príncipe da Paz em todos os lugares e em todas as situações, sobretudo onde a paz esteja mais ameaçada.
 
A proclamação da razão de ser da Igreja, sinal e construtora do Reino de Deus entre os povos, frágil em seus membros, mas fortíssima pela presença de seu Fundador, Cristo, Rei do Universo, ofereceu aos fiéis a noção exata da missão de cada um dos batizados e o múnus dos que assumem serviços específicos na obra de Deus Salvador.
 
A referência feita pelo Santo Padre à cena do Calvário, onde figuravam dois grupos antagônicos, os que criam e amavam a Cristo e os incrédulos, seus opositores, traduziu a dimensão das contradições que a Igreja terá que enfrentar sempre nos caminhos da história. A conversão do Bom-Ladrão e as misericordiosas palavras do Rei que reina da cruz são sinais de força e esperança para os pastores e o povo que eles guiam.
 
Dados históricos
A origem etimológica da palavra cardeal é do latim, cardo-nis, que significa gonzo, dobradiça, eixo, que são peças fixas, mas que possibilitam o movimento das portas a fim de que se abram para acolher, no regaço da unidade, a todos os cristãos e se fechem às investidas do mal contrárias ao povo de Deus e à pureza da sua fé.
 
Os cardeais originalmente eram vigários fixos das paróquias romanas e, por um tempo, eram encarregados de eleger o bispo local, razão pela qual, hoje, os cardeais presbíteros têm uma paróquia simbólica na cidade de Roma. Eles se dividem em três grupos: os cardeais-bispos, os cardeais-presbíteros e os cardeais-diáconos.
 
Os cardeais-bispos são os que recebem a dignidade de prelados de uma das seis dioceses suburbicárias de Roma que são: Albano, Frascati, Palestrina, Porto-Santa-Rufina, Sabina-Porggio-Mirteto e Velletri-Segni. A sétima diocese suburbicária e mais importante, por ser a mais antiga, é Óstia, cujo título é reservado unicamente para o Decano do colégio cardinalício, eleito pelo grupo dos cardeais-bispos e confirmado pelo Papa.
 
O Decano conserva acumulativamente o título anterior de cardeal-bispo de uma das seis mencionadas suburbicárias. A principal função do Decano é convocar o conclave em caso de sede-vacante, ou seja, após o falecimento de um Papa. Os patriarcas dos ritos orientais que recebem título de cardeais-bispos não precisam aceitar títulos das dioceses suburbicárias.
 
Os cardeais-presbíteros constituem o maior número no Colégio Cardinalício e não são subordinados hierarquicamente aos cardeais-bispos e nem superiores dos cardeais-diáconos. Seus títulos são honoríficos. A cor vermelha do hábito dos cardeais significa o amor de Cristo elevado ao seu estado mais sublime no derramamento do seu sangue para a salvação da humanidade. “Ninguém tem maior amor que aquele que dá a vida pelos seus amigos” (Jo 15,13).
 
O Novo Cardeal
Dom Odilo Pedro Scherer foi criado cardeal-presbítero, como regente da paróquia romana de Santo André no Quirinal. O novo cardeal paulopolitano é natural de Cerro-Largo (RS), mas viveu desde a infância no Paraná, onde cursou os seminários menor e maior, na Arquidiocese de Curitiba, porém como seminarista da Diocese de Toledo (PR), onde se ordenou presbítero a 7 de dezembro de 1978.
 
É mestre em filosofia e doutor em teologia pela Universidade Gregoriana de Roma. De 1994 a 2001, foi oficial da Congregação Para os Bispos, na Cúria Romana. João Paulo II o elevou ao episcopado, indicando-o para auxiliar de São Paulo, sendo ordenado a 2 de fevereiro de 2002.
 
A 20 de março de 2007, o Papa Bento XVI o nomeou como sétimo arcebispo metropolitano da capital paulista. Foi Secretario Geral da CNBB de 2004-2007 e um dos secretários da Conferência de Aparecida, em maio de 2007. Acolhido pelo povo paulistano, neste primeiro domingo do Advento, na Catedral da Sé, ele dirigirá a sua palavra à comunidade dos que crêem e às pessoas de boa vontade dispostas à construção de um mundo novo de paz, justiça e fraternidade, agora na condição de mais próximo colaborador do Sucessor de Pedro.
 
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