Um bom destino para todos
Conforme o preconceito cede espaço para o respeito à diversidade, libertando-se da homofobia, as melhores cidades do planeta se tornam cada vez mais centros de convivência entre seres humanos, não importa a orientação sexual. No caso dos gays, lésbicas e simpatizantes, primeiro eles se agruparam em um segmento conhecido como GLS.
Com o sucesso da iniciativa, o acrônimo se mostrou pequeno para agasalhar outras orientações sexuais, como bissexuais, travestis, transexuais, e por isso o movimento acabou sendo rebatizado de LGBT. Atualmente, somam-se à pioneira San Francisco, nos Estados Unidos, cidades como Sydney (Austrália), Brighton (Inglaterra), Amsterdã (Holanda) e Berlim (Alemanha).
A cruzada em prol da tolerância ganhou em 2011 um aliado de peso: a dinâmica Tel Aviv, em Israel, foi escolhida em pesquisa do site GayCities.com a American Airlines como o melhor destino gay do mundo. Esta vitória teve um gostinho especial: Tel Aviv se localiza em um país – e região – onde predominam dogmas religiosos e tradição que geralmente se traduzem em forte empecilho à livre manifestação sexual.
Entre as cidades "gay-friendly", São Paulo é a quarta melhor do mundo. Contabilizando 16 edições anuais da Parada de Orgulho GLBT, estima-se que seus hotéis, comércio, restaurantes e casas noturnas mobilizam 4 milhões de visitantes vindos de Estados e exterior. "O público GLBT é dos que mais crescem em todo o mundo, e representa 10% da população", explica Toni Sando, diretor superintendente do São Paulo Convention & Visitors Bureau. Para ele, desenvolver um trabalho de recepção desse grupo é não só indicação de que a cidade respeita a diversidade como ótima fonte de renda. "Trata-se de um público rico culturalmente, que prima por serviços de qualidade e bom atendimento, e que gasta muito. Movimenta a hotelaria, atrativos culturais, shows, entretenimentos e gastronomia, contribuindo para um retorno financeiro e crescimento da cidade", comenta.
Mais que palavras e boas intenções, Sando cita ações. Desde 2008, o SPCVB, em parceria com a Abrat GLS, associação que representa o turismo para este segmento, e a Coordenadoria de Assunto de Diversidade Sexual (CADS), realiza treinamentos para receber o turista GLBT.
O objetivo é evitar preconceitos e situações constrangedoras. Os participantes são instruídos a lidar com este público, incluindo expressão facial, postura, gesticulação, entonação da voz e uso adequado de termos. "Essas pequenas ações fazem a diferença no tratamento e interesse de retorno do visitante", explica o diretor superintendente do SPCVB.
Em um período de cinco anos, já foram capacitados mais de 1 mil profissionais de hotéis, bares, restaurantes, e demais serviços.
A exemplo do público GLBT, o programa Capacitar SP desenvolve módulos para outras comunidades, como a chinesa ou árabe. "São Paulo é a capital da pluralidade. Somos uma das cinco maiores cidades do mundo, com produtos e serviços para todos os gostos e bolsos", conclui Sando. Com a vitória da diversidade, a Capital paulista vibra, e o mundo se torna mais alegre e tolerante.
*Este texto foi publicado originalmente na coluna Viagens de Negócio, de Fábio Steinberg, no dia 28 de fevereiro de 2013, no Diário do Comércio da Associação Comercial de São Paulo.