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Publicado: Sábado, 10 de julho de 2010

TUR SP: uma boa notícia

Para que reinventar a roda? Esse maldito vício da administração pública brasileira costuma misturar mínima preocupação com recursos do contribuinte com imensa vontade de alimentar egos subnutridos. Felizmente, na contramão dessa tradição inglória, o Estado de São Paulo dá o bom exemplo ao replicar a experiência municipal bem-sucedida da São Paulo Turismo (SPTuris) por meio da recém-criada TUR SP, sigla da Empresa Paulista de Turismo e Eventos.

Sociedade anônima de capital fechado – que tem como acionista o próprio governo e é regida pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), ou seja, com quadro funcional escolhido por competência e não por indicação política – essa nova empresa já nasce com vantagens competitivas.

Mas a maior delas é ter como presidente Luciane Leite, profissional que trocou a Bahia por São Paulo, onde já demonstrou grande competência enquanto vestiu até pouco a camisa da SPTuris. Com base nos mesmos princípios de sucesso herdados da gestão Caio de Carvalho, ela sabe que uma empresa de turismo estatal para ser levada a sério precisa adotar o mesmo modelo de gestão sóbrio e pragmático da iniciativa privada. Não pode depender dos humores de verbas públicas, que costumam oscilar em função de prioridades políticas.

A sobrevivência exige sólidos resultados financeiros, que só podem ser obtidos por meio de liderança e de um quadro profissional enxuto e eficaz – a intenção é formar uma equipe com 42 pessoas neste ano e 70, no máximo, em 2011. Luciane começa com o pé direito ao trazer como diretor de marketing, Orlando de Souza, que tem a capacidade de agregar credibilidade instantânea à TUR SP, dada a experiência profissional exitosa, que inclui 20 anos dedicados ao grupo Accor.

Como a nova empresa surge desprovida de ativos que permitam gerar caixa – a exemplo do que o Parque do Anhembi representa na esfera municipal –, inicialmente a venda de serviços será a principal fonte de renda.

Luciane aposta em três iniciativas. A primeira, sob sua supervisão direta, é criar um sistema de inteligência em turismo para o estado, formado pela soma de pesquisas e um banco de dados confiável. A empresa torna-se, assim, um centro de referência que, por sua vez, coloca em prática um planejamento estratégico consistente. Com isso, também poderá prestar consultorias às administrações públicas, a primeira delas ao próprio Estado com um estudo sobre a potencialidade turística das estâncias paulistas.

A segunda iniciativa é desenvolver a área de marketing. A ideia inicial foi criar um portal na internet que estimule o turismo, a começar pelos próprios paulistas. Faz parte do esforço, aos cuidados de Orlando de Souza, identificar eventuais ativos que representem renda adicional para a TUR SP.

A terceira e última frente, aos cuidados de Rachel Verdenna, também egressa da SPTuris, é a de projetos estratégicos. Amparada por lei recente que proíbe realizações oficiais feitas por agências de publicidade, a iniciativa dá ênfase à realização de eventos. Destes, o maior sem dúvida será a Copa do Mundo em 2014, um verdadeiro batismo de fogo para a novata companhia de turismo do estado.  

* Esse texto foi publicado na coluna "Viagens de Negócios" de Fábio Steinberg no dia 8 de julho no Diário do Comércio da Associação Comercial de São Paulo.

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