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Publicado: Sábado, 29 de janeiro de 2011

Tropa de Elite II

O filme Tropa de Elite II como seu antecessor deixa muito a desejar, pois não corresponde a bom espetáculo cinematográfico. O fato de constituir filme brasileiro de maior arrecadação de todos os tempos não lhe confere o direito de ser considerado ótimo.

Pelo contrário, não se entende como produtores e diretores, experts em tais misteres, não consigam fazer um filme interessante, que agrade a massa dos espectadores. Para entender bem o enredo, por exemplo, seria necessário roteiro introdutório ou explicativo (com distribuição de folheto, como se fazem em óperas), detalhando-o, no caso tecendo considerações sobre as “milícias”, oriundas muitas vezes das próprias policias civis e militares.

O enredo ficando ao entendimento de cada um, vê-se que Tropa de Elite II, no máximo, poderá ser apenas razoável. Aliás, seguindo a esteira do anterior, os trinta minutos iniciais, “encantam” os espectadores de todas as idades pela gama de palavrões, os mais “cabeludos” possíveis, onde é consolidado aquele indefectível brocardo de se jogar algo nojento no ventilador.

Tropa de Elite II, como o primeiro, tem alocações pesadas e que não agradam, pois além de exibir violência que expressa a realidade da vida nos morros e tráfico de drogas no Rio de Janeiro as mensagens que transmite, além de depreciar as carreiras policiais e militares com as eventuais posturas de corrupção e linguajar chulo, não apresenta formas corretivas, salvo o heróico comportamento do Tenente-coronel Nascimento.

Não chega a agradar o espectador que, após a acusação do Tenente-coronel Nascimento no Congresso, gostaria de ver toda aquela corja, que durante o filme pintou e bordou, sofrendo o castigo que merecia.

Talvez, os idealizadores do filme estejam guardando esse desenvolvimento para ser explorado num terceiro roteiro, que poderia redimir os vícios dos anteriores e coroar com pleno êxito artístico a série, já triunfante no sentido de arrecadação e número de assistentes.

Verificando na Internet a exata graduação do então Coronel Nascimento, com satisfação deparei com o texto do necessário roteiro, a que me referi no início, podendo então, compreender, com maior facilidade, toda a intensidade da trama e considerar acertadas as considerações que fiz de início.

Concluindo: Tropa de Elite II, O inimigo agora é outro, se junta àquelas dezenas de filmes nacionais que os melhores críticos do gênero se esforçam ao máximo para não desgostarem, produtores, diretores, artistas e toda a gama de colaboradores e interessados.

Não edifica, não distrai só nos fazendo relembrar, com tristeza que a realidade do tráfico e da violência é assustadora, coisa que a cotidiana mídia não cessa de azucrinar inconsciente e implicitamente, estimulando mentes doentias para o crime.

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