Colunistas

Publicado: Segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Tradição de olho no futuro

Prestes a completar 70 anos de operação em 2013, o Hotel Toriba em Campos de Jordão, apenas 20 anos mais jovem que o Hotel Copacabana Palace, faz parte do patrimônio cultural brasileiro, pois pertence a um reduzido grupo de hotéis antigos que ainda teimam em operar. Não é pouco para um país que costuma desprezar tradições.

Diferentemente da concorrência de seu padrão dentro ou fora da cidade – que ora fechou as portas, entrou em decadência, ganhou outro destino comercial, ou pior, transformou-se em caricatura do próprio passado – o Toriba manteve-se firme e forte em sua trajetória. Inaugurado em 1943, quando o turismo em Campos do Jordão mal existia, o hotel ajudou a ditar o tom da cidade, com sua arquitetura alpina somada ao requinte no atendimento e hóspedes ilustres e sofisticados. Ocupando 328 mil m² e a 1.750 metros de altura, o hotel nunca deixou de pertencer à família Villares. Está cercado por uma mata esplendorosa, onde não faltam as famosas araucárias do clima frio, muitas delas centenárias.

Nas instalações, tudo transpira elegância e charme, do chá impecável ao mobiliário em estilo suíço. Há, ainda, a imponente coleção de murais do pintor italiano Fúlvio Pennacchi, a gastronomia impecável e as varandas extensas, desenhadas para lembrar conveses de navios familiares para os hóspedes, em suas chaise longues, contemplarem a natureza. Não por acaso, no início das operações, boa parte dos funcionários do hotel – entre cozinheiros, camareiros, governantas e garçons – foi contratada direto da tripulação de um navio de luxo que aportou em Santos anos antes.

A história da administração do Toriba poderia ganhar um capítulo à parte. Depois de passar por profissionais externos, está nas mãos da família Villares desde 1995. Mas se o hotel permaneceu essencialmente o mesmo em seus ideais e estilo com foco no hóspede familiar, o consumo no Brasil se democratizou. E, com ele, surgiram novos hábitos. No lugar de gente de alto poder aquisitivo que costumava passar o mês inteiro no hotel durante o verão, Campos de Jordão atrai hoje um público que se caracteriza por estresse urbano, tempo reduzido, alto grau de exigência nos serviços, e total dependência tecnológica. Eis aqui o grande desafio da atual gestão do Toriba, a cargo de Alberto Villares Lenz Cesar, formado pela prestigiosa escola de hotelaria Cornell, com o apoio do experiente consultor em marketing José Eduardo Melo e Silva. A missão é conciliar os dois mundos, encontrando o ponto de equilíbrio entre preservar a gloriosa tradição e investir na estimulante hotelaria moderna.

Com intervenções pontuais que preservam as características originais do local, Alberto tem dado conta do recado.

Atualizou os 24 espaçosos apartamentos com o mesmo padrão de instalações, amenidades e serviços encontrados em hotéis de alta categoria. Em paralelo, ele também construiu mais quatro apartamentos e oito chalés externos de alto padrão.

Alberto sabe que o seu sucesso está associado a manter o Toriba vivo e rentável. Por isso, a cada dia busca novas fórmulas que incluem desde a venda de produtos que explorem a grife famosa, até conquistar o mercado corporativo para eventos de pequeno porte, mas que saiba valorizar a natureza privilegiada combinada ao espaço e serviços diferenciados.

Comentários