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Publicado: Quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Torcedor-coxinha

Torcedor-coxinha
Eu gosto de coxinhas, elas são deliciosas. Mas torcedor-coxinha eu não engulo

Vem se disseminando nos últimos tempos um tipo curioso de ser humano: o coxinha. O cidadão-coxinha nada mais que aquele sujeito que abraçou de vez a sociedade gourmetizada que vivemos. Não liga em pagar R$ 10,00 num picolé com recheio, a conta da balada sempre supera os três dígitos e adora reclamar de cotas raciais e de quem recebe dinheiro de programas sociais – a “Bolsa Esmola”.

Esse termo foi bastante difundido na época da eleição, mas num sentido um tanto deturpado pelos eleitores petistas. Mas a expressão pegou. Hoje temos vários coxinhas andando por aí. Só que esse tipo começou a frequentar um lugar que não foi feito pra ele: um estádio de futebol. Quer dizer, uma “arena multiuso”.

Ontem, ao ver um post no Instagram que anunciava os espantosos valores da partida de estreia do Corinthians no Paulistão 2015 (contra o “poderoso” Marília), comentei que era triste ver tantos torcedores aprovando o preço praticado. Na cabeça deles, o corintiano tem que pagar a luxuosa e superfaturada Arena de Itaquera.

Foi aí que percebi que o coxinha way of life tomou todas as áreas possíveis, inclusive o futebol. E isso me incomoda muito, afinal o esporte bretão só é tão popular assim no país porque sempre foi acessível. Todos, seja rico ou pobre, preto ou branco, homem ou mulher, podem praticá-lo e apreciá-lo. E essa gourmetização não é saudável, pois vai cada vez mais segregar.

Entendo quem quer ter um estádio de primeira, com conforto e segurança. Eu também quero. Mas não pagando o olho da cara.Futebol sempre foi o esporte do ingresso por R$ 10,00, das filas nas bilheterias, do bandeirão de torcida organizada tapando a visão e da arquibancada de cimento. Hoje querem enfiar goela abaixo um padrão inimaginável para a estrutura brasileira, simplesmente pra cobrar valores exorbitantes.

Um basta ao futebol moderno! Um basta aos ingressos com preços impraticáveis! Um basta ao torcedor-coxinha!

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