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Publicado: Terça-feira, 16 de abril de 2013

Taxi Driver

Taxi Driver
Travis Bickle, louco ou herói? Pra mim, nenhuma das opções, apenas um cara em busca de sentido para sua vida vazia

Dia desses, vasculhando as prateleiras da Americanas do Plaza Shopping, encontrei uma edição especial em DVD de “Taxi Driver”, filme de 1976 muito aclamado pela crítica. Nunca tinha visto a obra, por isso resolvi comprar para conferir. Gostei muito, mas confesso que fiquei meio deprimido depois de vê-lo.

Travis Bickle (brilhantemente interpretado por Robert De Niro) é um solitário. Recém-dispensado do serviço militar, ele busca algo para completar sua vida. Mas o que seria isso? Ele não sabe, nem eu, nem ninguém. É assim que nos sentimos na vida: procurando algo que faça sentido para ela, mas não sabemos bem o quê ou como é isso.

O personagem então se refugia no novo emprego, o de motorista de táxi (por isso o nome do filme). Mas, vagando pelas imundas ruas de uma Nova York fria e escura, Travis vê o pior da humanidade surgindo das sombras: são criminosos, delinquentes, prostitutas e tudo de ruim que se possa imaginar. Aquilo faz com que seus sentimentos mais primitivos se aflorem, como acontece com a gente diante de situações como essa.

Mas então Travis conhece Betsy, e vê naquela linda mulher de olhos azuis e cabelos louros o grande amor de sua vida. E como se portar diante de algo que nunca sentiu? Travis não sabe lidar com essa situação e acaba perdendo suas chances com a ela. A revolta toma conta do motorista de táxi, então ele se volta contra a escória nova-iorquina.

Travis começa a malhar, compra armas e até treina na frente do espelho a forma como agir contra os bandidos da cidade (“Are You Talkin’ to me?”). Ele conhece Iris (a então novata Jodie Foster), uma jovem prostituta de 12 anos e vê nela uma inocente que precisa ser libertada. Travis vira herói ao acabar com o cafetão que manda na garota e acaba conquistando a simpatia da cidade.

Será que Travis procurava isso? Não creio. Para mim, ele estava em busca de algo que o fizesse aceito por uma sociedade excludente, não necessariamente se tornar um herói. Por isso o filme me deixou deprimido. Ele não queria fama, mas sim algo que preenchesse sua vida vazia. Eu busco isso. Mas a sociedade não entende muitas vezes. “Taxi Driver” tem diversas interpretações, e essa é a que tiro do filme.

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