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Publicado: Sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Sem alicerce, a casa cai

Existe hoje uma flagrante dificuldade para se colher uma denominação para a conduta social do povo brasileiro, eis que remexer nos desarranjos que também lá fora campeiam, seria querer demais.

Há duas situações em que, de modo especial, se flagra a reação do homem, quando provocado sem aviso: uma quando joga ou assiste futebol e outra quando se vê envolvido com problemas no trânsito. Reações incontidas, seja para a alegria ou o furor, conforme o caso. Não são poucos os que se transfiguram e permitem que venha à tona o júbilo em toda sua expansão ou o ódio de quem tem o ego atingido. Para concluir e apenas exemplificar dois deles,  dos motivos que causam comportamentos extremados: futebol e trânsito. Há sem dúvida um número infinito de o0corrências, tanto que é difícil estampar um quadro que revele qual seja hoje o perfil do povo brasileiro.

Estas breves considerações servem apenas para expor um mal maior, o da indefinição na consideração do todo, isto é,  de como age e reage a população.

Sem nenhuma certeza, impressão pois, parece que agrada às pessoas que se sintam livres e sem comando. Paira como que um enganoso sentimento de liberdade, para gerar indiferença ou incapacidade de esboçar ações de repressão ao erro e à desordem e, mais ainda, quanto ao rumo que a nau brasileira possa tomar.

A falta de educação reflete em primeiro lugar essa realidade. De fato, o crescendo da desordem social se origina do descaso à educação das crianças, não apenas no sentido do aprendizado escolar como também no que diga respeito aos bons costumes.

O banditismo tomou conta das posições e contra ele se consomem verbas milionárias para promover sua repressão, com o que se tenta banir as consequências, enquanto pouquíssimo esforço para se eliminar as causas.

São felizes e aquinhoadas de bênçãos as famílias - o que não é uma regra - em que pais e filhos se falam, se veem e se abraçam. Outras, de aparente normalidade, não entram em conflito, exatamente porque nelas cada qual faz o que quer e ninguém molesta ninguém. Deixam-se mutuamente viver, quase desconhecidos entre si.

Se ao colunista perdura dúvida ou desconhecimento do retrato social, provavelmente dele deve saber bem a televisão - as novelas brasileiras em especial - que em cores nuas e ousadas querem ao que parece retratar com fidelidade o descompasso social.

Não se trata nesta crônica de querer pintar um quadro sombrio, com efeitos dramáticos. Cuida-se de trazer na forma de exposição dos fatos,  através de mera colheita de retalhos do pano sujo de uma sociedade leniente.

O mal prospera.

Os bons (bons?) se omitem.

Por mais estapafúrdia que seja a afronta, quase ninguém se escandaliza, reage ou mostra ao menos indignação.

Sem alicerce, a casa cai, a família não subsiste. 

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