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Publicado: Quarta-feira, 11 de fevereiro de 2004

SACRIFÍCIO INÚTIL

Ao final do seu primeiro ano de governo, o PT gastou R$ 145,2 bilhões para o pagamento de juros da divida pública, ou 9,49% do PIB.
   É o maior gasto com juros já registrado pelo Banco Central e reflete a política suicida de juros alta, necessária para acalmar o mercado, para
   dar credibilidade ao Brasil.
   Ao mercado não interessa se o governo cumpre ou não seus compromissos com a população, importa se os paga em dia.
   Aliás, o Estado investe cada vez menos nas áreas em que tinha obrigação, como Educação, Saúde, Saneamento Básico, Segurança, etc. para pagar
   juros.
   Estamos virando reféns de uma armadilha (a ciranda financeira), ou seja, uma política que privilegia o sistema financeiro e detentores de capital
   e com isto sucateando o país, pois, há dez anos nada se investe em infra-estrutura.
   Vejam a evolução da dívida e dos gastos com juros: Valores expressos em Bilhões de Reais
   
   Ano 2000 - Dívida => 563,163 - Gastos c/ Juros => 78,0 - % do PIB => 7,08%
   Ano 2001 - Dívida => 660,867 - Gastos c/ Juros => 86,4 - % do PIB => 7,21%
   Ano 2002 - Dívida => 881,108 - Gastos c/ Juros => 114,0 - % do PIB => 8,47%
   Ano 2003 - Dívida => 913,145 - Gastos c/ Juros => 145,2 - % do PIB => 9,49%
   
   O governo economiza cada vez mais, em 2003 foram R$ 66,2 bilhões ou 4,32% do PIB, superando a meta acertada com o FMI de 4,25% do PIB, mas
   insuficiente para pagar os R$ 145,2 bilhões de juros que incidem sobre a sua divida.
   Aliás, a nossa dívida só aumenta ano após ano, porque toda a economia feita, não é suficiente para o pagamento do principal e dos juros, e o
   governo se vê obrigado a emitir títulos hoje para pagar aqueles que vencerão amanhã.
   O governo do PT obteve superávit não com economia, mas com corte de investimentos e postergação de gastos. Ampliou-se o passivo social, de
   infra-estrutura, tecnológico, cortaram-se ainda mais a renda e o emprego (Luiz Nassif - Folha de São Paulo em 31/01/2004).
   O relatório de gestão fiscal de 2003, uma exigência da Lei de Responsabilidade Fiscal, mostra isto claramente, pois, FHC deixou em
   2002 despesas de R$ 13,8 bilhões e Lula deixou em 2003 despesas de R$ 22,9 bilhões a pagar.
   O Orçamento foi dizimado para ajudar a pagar os juros.
   O Ministério das Cidades foi criado para regularizar a propriedade de casa em favelas, investir em saneamento básico e tirar moradores das
   áreas de risco. Com um orçamento anual de R$ 2,2 bilhões, foi reduzido em 2003 para R$ 414 milhões e vejam o resultado depois das últimas
   enchentes, as mesmas promessas de sempre.
   O que pagamos de juros foi maior que os orçamentos da Previdência Social (R$ 110 bilhões), aquela que não tem R$ 12,3 bilhões para pagar os
   aposentados que ganharam o recurso sobre benefícios que tiveram correção a menor entre 1997-1998 e 1997-1997, da Saúde (R$ 36 bilhões) e do
   Trabalho e Emprego (R$ 21,1 bilhões).
   O governo ao não diminuir a taxa SELIC, sinalizou ao mercado que isto comprometeria o crescimento do pais, o que aumentou o Risco Pais e o
   dólar.
   O próprio governo ao instituir a nova cofins, criou uma pressão nos preços de todos os segmentos, principalmente no de serviços, que
   atualmente é aquele que mais gera empregos, o que vai gerar mais inflação.
   Observem que a inflação do governo supera a do mercado, como podemos ver de julho de 1994 a dezembro de 2003 - Fonte IPC da FIPE.
   
   Inflação do mercado
   138,4%
   
   Água e Esgoto
   223,1%
   
   Correio
   251,6%
   
   Ônibus
   306,5%
   
   Gás de Botijão
   462,5%
   
   Telefone Fixo
   606,6%
   
   Não quero ser pessimista, mas o próprio presidente disse que não tem Plano Palocci, Plano Lula, portanto se não houver uma mudança urgente
   agora que as condições do mercado ainda são favoráveis, todo o sacrifício imposto ao país no ano passado, de nada teria adiantado,
   pois, sabemos que o receituário atual, herança copiado de FHC, foi aplicado em vários países emergentes e o resultado todos nós sabemos,
   pois ou foi um fracasso ou não resolveu aquilo que é básico em qualquer política econômica, crescimento, emprego e renda, isto sim, é o que
   determina a capacidade de um país em honrar seus compromissos.
   
   
   
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