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Publicado: Sábado, 6 de outubro de 2012

Sabre, exemplo de cidadania global

Crédito: Banco de Imagens Sabre, exemplo de cidadania global
A Sabre - empresa de tecnologia de viagens (GDS) - criou o programa "Passaporte para a Liberdade" para combater o tráfico de pessoas no mundo.

A rigor, existem duas formas de as empresas exercitarem a sua responsabilidade social. A primeira, adotada pela maioria, é simplesmente pagar a conta do projeto, viabilizando assim algo importante do ponto de vista social, econômico ou cultural. Nesse grupo poderia estar uma siderúrgica que subsidia uma orquestra, um banco que patrocina um filme, ou uma rede de supermercados que ajuda a construir um hospital.

Sem desmerecer o importante apoio destas empresas à comunidade, não há vínculo visível entre a atividade fim da empresa patrocinadora e a endossada. A segunda alternativa, talvez mais trabalhosa, promove melhores resultados para a imagem corporativa. É quando há uma identificação da contribuição diretamente associada à organização, através de um produto ou serviço. Por exemplo, uma empresa de tecnologia de informação que coloca seu expertise para atuar em módulo inteligente que melhora o trânsito caótico de uma cidade. Ou uma empresa farmacêutica que colabora em uma campanha de vacinação doando seus produtos à população carente. Aqui, fica evidente a associação da marca, capacitação técnica e qualidade do produto com a contribuição.

No universo de viagens e turismo, um bom exemplo é a campanha da Accor contra a prostituição infantil, e o engajamento de seus colaboradores no combate diário a esta prática vergonhosa. Nessa linha, o mais recente exemplo vem da Sabre. A empresa de tecnologia de viagens (GDS) criou o programa "Passaporte para a Liberdade" para combater o tráfico de pessoas no mundo. O CEO mundial da empresa, Sam Gilliland, diz que a meta do programa é erradicar o comércio e a exploração de seres humanos, um problema que afeta 27 milhões de pessoas. Como a Sabre fará isto? Com a sua presença nos principais segmentos de sua cadeia de valor, como agentes, companhias aéreas, empresas de turismo e viajantes, a empresa ocupa posição privilegiada para conscientizar o mundo para esse problema. O programa fará isto em três frentes: educar, colaborar e mobilizar.

A iniciativa contempla bolsas de estudo e empregos com a formação profissional no setor de viagens e turismo à sobreviventes do tráfico de pessoas. A empresa pretende ainda treinar seus 10 mil funcionários globais para se tornarem embaixadores da causa, e ao mesmo tempo convocar clientes do setor aéreo, hospedagem e agências de viagens para atuar na missão. O projeto inclui também dar informações aos viajantes para identificar e denunciar possíveis situações de tráfico, atualizar políticas do Sabre para que endureçam a posição da empresa em relação a este crime, e fazer parcerias com entidades sem fins lucrativos, de viagens e do governo nessa luta sem tréguas.

O tráfico de pessoas representa um comércio ilegal de US$ 32 bilhões, o que o torna um dos crimes mais lucrativos e em expansão. O setor de viagens e turismo acaba involuntariamente se tornando cúmplice desses crimes, já que milhões de pessoas são locomovidas por vários maneiras e a seguir são mantidas em meios de hospedagem para atuar na prostituição ou trabalho forçado. Ao colocar a mão na massa, deixando de lado uma posição acomodada de observador do grave crime, companhia dá exemplo de cidadania global, e mostra um caminho que deveria ser copiado para melhorar um mundo que parece ter esquecido os principais básicos de humanidade.

*Este texto foi publicado originalmente na coluna Viagens de Negócio, de Fábio Steinberg, no dia 4 de outubro de 2012, no Diário do Comércio da Associação Comercial de São Paulo.

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