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Publicado: Domingo, 24 de junho de 2012

Rio+20 ou Rio-20?

Rio+20 ou Rio-20?

Tenho acompanhado pelos jornais o desenrolar da Rio+20. As críticas à conferência são enormes e severas, culminando com um diretor do Greenpeace declarando que a sua organização não assinará o manifesto final e que o encontro está mais para Rio menos 20, do que para Rio mais 20. Será isso mesmo?
O jornalista Luiz Felipe Pondé da Folha, diz que a máxima da conferência é mudar o modelo de energia no planeta para energia sustentável, mas que não conseguiremos produzir a quantidade de energia necessária a custos compatíveis. Ainda segundo ele, outro tema recorrente é a humanização, que seria muito melhor ensinada na família e na escola. Um estímulo às crianças nas escolas para cuidar das plantas e dos animais, valeria mais do que 50 conferências internacionais, onde os líderes estão brigando por siglas, frases, vírgula, ponto e vírgula, chegando até a inventar palavras.

De fato, as expressões e siglas são um caso à parte nesta conferência, veja, por exemplo, esta expressão gigantesca que eles adotaram: “economia verde no contexto do desenvolvimento sustentável e da erradicação da pobreza”, em substituição à “economia verde”. Ou G-77, para representar o grupo dos 130 países pobres e emergentes que inclui Brasil e China. Quer mais: ODS – Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, que são as metas que os países terão de perseguir. Tem mais: ODA – Sigla em inglês para Assistência Oficial ao Desenvolvimento. Agora as campeãs: JUSCANZ – Bloco formado por Japão, EUA, Canadá, Austrália e Nova Zelândia e MAJOR GROUPS – São nove grupos da sociedade civil: prefeitos, empresas, ONGs, mulheres, sindicatos, indígenas, jovens, agricultores e acadêmicos. Simples não?

A Folha de São Paulo, criou até uma frase que pode perfeitamente aparecer no relatório final da conferência que é: O JUSCANZ afirma ao G-77 que não quer saber de dar dinheiro para o MOI, porque afinal já contribui com a ODA, que vai quase toda para os LDCS. Ficou claro?

Criaram a burocracia verde que, como toda burocracia, não será capaz de resolver nada. Além do mais a ONU não parece ser o melhor fórum par se discutir as questões ambientais. Afirma Pondé, que a única coisa que a ONU conseguirá é dar uma chance para seus integrantes beberem e conhecerem os bares da Lapa, e gerar mais impostos que eu e você teremos que pagar.

Na mesma Folha de São Paulo, mas na outra ponta, temos a opinião da senadora Kátia Abreu (PSD/TO) que é também presidente da CNA (Comissão da Agricultura e Pecuária do Brasil). Ela afirma que as conferências internacionais como essas, não conseguem satisfazer as nossas gigantescas necessidades, mas elas não ocorrem em vão e lançam importantes sementes para o futuro. Mostram ainda uma importante mudança no cenário mundial que é o aumento do número de atores relevantes, caçando o antigo privilégio de uns dois ou três países que resolviam tudo do seu jeito, para atender aos seus interesses.
Mesmo os governantes, não falam por si só como faziam no passado, mas tem que ouvir as vontades de suas sociedades, portanto, num mundo com mais opiniões o processo de decisão é bem mais complexo.

Não é tarefa simples conseguir que 190 governantes, representando 7 bilhões de pessoas concordem com mudanças nos processos de produção, nos estilos de vida e com mudanças no crescimento econômico de seus países.

Além disso, para objetivos ambiciosos, devem corresponder recursos também ambiciosos, disse muito bem o negociador-chefe do Brasil, embaixador Luiz Alberto Figueiredo Machado. Sem dinheiro não faremos nada. Podemos chamar até de hipocrisia.

A União Europeia e os Estados Unidos, desenvolveram-se e enriqueceram sem ter que respeitar as regras de sustentabilidade que hoje existem. Então cabe a eles financiar agora o nosso desenvolvimento. A conta da recuperação do meio-ambiente e das ações de sustentabilidade que garantirão o futuro das próximas gerações e ainda a erradicação da pobreza no mundo, tem que ser pagas por eles.

A senadora conclui que o Brasil cumpriu muito bem o seu papel de anfitrião de uma das conferências mais importantes deste século, exercendo uma liderança serena, lúcida e democrática.

E então, caro leitor? Deixe sua opinião no espaço abaixo. Tivemos uma Rio mais vinte, ou uma Rio menos vinte? 

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