Colunistas

Publicado: Segunda-feira, 9 de janeiro de 2006

Revolução do Cristianismo

Os historiadores calculam em cerca de 8 mil as guerras nos últimos 6 mil anos! Com as guerras do século passado e as do começo deste terceiro milênio, parece que a situação permite dar razão a Thomas Hobbes, que afirmava: “Um homem é um lobo para outro homem!”. É triste essa realidade, muito distante do plano do Criador que correu os riscos de conceder o livre-arbítrio aos homens.

Refiro-me a guerras e não a revoluções. Estas não foram tantas e nem implicam nas violências que normalmente as acompanham. Aliás, algumas revoluções nem se caracterizaram pela violência, mas pelas profundas mudanças realizadas na vida dos povos. Pelo menos é esse o sentido maior do que afirmam os historiadores, tanto da revolução realizada pelo Cristianismo quanto pela Revolução Industrial no século XVIII.

Ouso ir mais longe e afirmar que nenhum movimento alterou tão profundamente os rumos da história quanto o nascimento, a morte e a ressurreição de Cristo. Vale a pena a leitura do clássico “A Cidade Antiga”, de Fustel de Coulanges. A obra espanta ao mostrar o que havia de bom e o que havia de errado entre os romanos, os gregos e os outros povos. Predominavam em todo o mundo antigo o politeísmo, a poligamia, o divórcio, a marginalização da mulher e o infanticídio feminino, com os homens possuindo o domínio absoluto da situação, tripudiando sobre as crianças, as mulheres e os escravos.

Exceção feita aos israelitas, também a vida religiosa dos povos antigos era lamentável. Havia até a prática da “prostituição sagrada”, das bacanais e de outros costumes que desonravam o próprio Deus. É bom nem imaginar o que se passava nos templos pagãos e nos palácios dos imperadores romanos.

A impressão que se tem é que seria praticamente impossível uma mudança radical da situação deprimente espalhada um pouco por toda parte, mesmo levando em conta que há dois milênios não havia descrentes e todos se prostravam diante de um sem número de deuses. O Apóstolo Paulo encontrou em Atenas templos honrando todos os tipos de deuses. Como se não bastassem, em certa esquina ele constatou a existência de um altar erguido em honra do “deus desconhecido”. Por via das dúvidas os sábios gregos não ousavam excluir de sua religiosidade nem mesmo os deuses que desconheciam...

A vinda de Cristo acabou provocando a mais importante de todas as revoluções, as mais profundas mudanças no Império Romano e entre os povos considerados bárbaros. Fato historicamente comprovado, mesmo sem qualquer poder político ou econômico o Filho de Deus e as primeiras comunidades católicas difundidas em todo o mundo antigo, conseguiram implantar o culto a um só Deus e transformar os costumes da poligamia e do divórcio em um casamento estável, marcado pelo amor e pela fidelidade, pelo respeito à mulher e à criança.

Depois da morte e da ressurreição de Cristo os cristãos viveram três séculos na clandestinidade das catacumbas para conseguirem praticar a sua fé. Em 313 o Imperador Constantino Magno e sua mãe Helena converteram-se, reconhecendo a mudança radical dos costumes vigentes e concedendo a liberdade religiosa aos cristãos. Essas mudanças revolucionárias continuariam acontecendo nos séculos seguintes, como na Revolução Francesa, em 1789. É lamentável que a partir do lema da “Igualdade, Liberdade e Fraternidade” tenha prevalecido a “liberdade” entendida, atualmente, mais como “libertinagem”. Junto com outras revoluções, como a Industrial – na Inglaterra, no século XVIII - e a Bolchévica – na Rússia, em 1917 – acabamos sendo levados à sociedade repaganizada e injusta, permissiva e nada fraterna dos dias de hoje.

Comentários