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Publicado: Sexta-feira, 18 de maio de 2012

Reservas globais de hotéis

Pouca gente se dá conta da complexidade que existe por trás de uma reserva de hotel, e a dificuldade para colocá-lo ao alcance das agências de viagens e dos viajantes. Como um supermercado virtual, hotéis desconhecidos ou perdidos no nada podem ser oferecidos em condições de igualdade com marcas de redes hoteleiras ou grifes famosas. Como fazer para que um comprador de algum ponto do planeta faça reservas? Mediante o pagamento de uma pequena taxa, geralmente por agências, hotéis e companhias aéreas.

Essa maravilha tecnológica atende pelo nome de GDS (Global Distribution System, ou sistema de distribuição global), o mesmo mecanismo utilizado há décadas pelas companhias aéreas. "Estar no GDS é assegurar que um hotel seja visto – no caso do sistema Sabre por mais de 90 mil de agências de viagens, com segurança e confiabilidade de quem processa 60 mil transações por segundo", afirma Leandro Carvalho, responsável pelas soluções de hospitalidade da empresa. Igual a ele há outros fornecedores, como o Amadeus ou Wordspan.

Dito assim é inquestionável decidir pelo GDS. Infelizmente, essa não é a realidade no Brasil. Enquanto nos Estados Unidos 25% das reservas recebidas por um hotel são provenientes dos canais eletrônicos, 50% dos quais via GDS, aqui a média fica em meros 6%. A discrepância torna-se maior diante do desempenho das grandes cadeias hoteleiras, com até 18% de utilização, em comparação com os chamados hotéis independentes, geralmente estabelecimentos menores operados pelos proprietários.

E justamente eles que mais precisam de visibilidade para obter melhores condições de competitividade são os que pagam o ônus pela ausência nos principais canais de distribuição. Estudos indicam que há mais de 5 mil meios de hospedagem no Brasil, e que poderiam estar incluídos no GDS.

Carvalho, que também é professor universitário há mais de dez anos e leciona no Senac, responsável pelo primeiro curso de distribuição eletrônica hoteleira, lembra que o Brasil passa por bom momento econômico. Nesse contexto, o setor de hotéis obteve melhoria no preço das diárias médias.

Como os GDS não cobram percentual do valor, mas um preço fixo por transação, os custos se diluíram com o aumento das diárias, democratizando o acesso a essa tecnologia. Isso significa que mais hoteleiros podem se beneficiar da distribuição online e aparecer no radar, refletindo-se em mais vendas. Até porque não existem negócios no universo das viagens a trabalho – responsável pela vasta maioria do movimento – sem o GDS. "É uma ferramenta imprescindível para administrar reservas das corporações, feitas geralmente em cadeias hoteleiras através das TMC (sigla de travel management company, agência especializada nesse mercado)", afirma Carvalho.

Isto não significa que sem GDS não existe vida inteligente. Graças à internet, a distribuição vem se transformando. A própria Sabre oferece soluções para todos os bolsos em distribuição eletrônica e marketing digital, com sistemas integrados que vão da administração do hotel, passam pelo centro de controle de distribuição, até a disponibilização da informação para o comprador pelo próprio GDS.

*Este texto foi publicado também na coluna Viagens de Negócio, de Fábio Steinberg, no dia 17 de maio de 2012, no Diário do Comércio da Associação Comercial de São Paulo. 

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