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Publicado: Quinta-feira, 9 de fevereiro de 2006

Rememorando e Comemorando os 396 anos do Aniversário de Itu

Leitura feita em evento cultural promovido pela “Escola Superior de Guerra – ADESG” no "Museu Republicano da Convenção de Itu” pelo companheiro Erasmo Figueira Chaves em 03 / 12 / 1993.

Voltar ao Museu da Convenção Republicana de Itu, esta casa de misticismo e glória pátria, especialmente para compartilhar experiências e evocações vividas sob estes tetos e paredes, é reviver significados e emoções da dimensão histórica que aqui se encerra e se protege. No salão histórico da Convenção um jovem promissor Cesário Motta Junior, meu biografado, notável ser, paladino da educação, acompanhando seu pai, produzia os apontamentos do que mais tarde viria a ser o único documento e relato publicado com impressões pessoais valiosas de quem viveu em presença o notável evento, entre todos os 133 convencionais que assinaram a lista de presença e ali estiveram .

Eis o que respiramos: o substrato da plena maturidade da grandeza maravilhosa de Itu, que não é só patrimônio desta amorosa cidade, mas virtude da Pátria, que tanto carece hoje destas dimensões e desprendimento, que tão autentica e emotivamente vivenciamos aqui com conspicuidade, gravidade, seriedade, circunspecção, gravidade e tão diferentemente do espírito ligeiro e alegre com que na formosa praça, com a curiosidade e folclore do seu semáforo, telefone e objetos de trabalho desproporcionais, mas simbolicamente também gigantescos e tão risonhos ao gosto popular.

A grandeza real desta cálida cidade está explícita aqui para sempre, neste casarão, nesta atmosfera, nestes relatos, em cada recanto, nos seus móveis, superfícies e retratos, nas arcadas de suas portas e janelas, cujos gonzos e velhas dobradiças parecem querer dizer – aos forâneos como eu – através de seus sussurros, guinchos e gemidos, da saudade dos gestos austeros e autênticos, de uma época de provável mais verdade e idealismo, que nos legou a República e a herança democrática republicana que cultuamos viver e continuamos a ansiar, embora hoje tão doridamente.

Museu, ou centro cultural de história ou tradições, não importam meros significados, nome, símbolos, definições. Importam sim as memórias que nos legam as mensagens vívidas, cristalinamente feéricas das sãs intenções e exemplos do passado, preciosas heranças que responsabilizam tanto quanto nos sensibilizam e desafiam. São valores eternos aqui presentes, rememorações que corresponde difundir por todo o país, acurada e respeitosamente, com o culto às coisas santas e sagradas de nossa história pátria. Pátria e nação que tão carente se mostra hoje de reverência e consideração às gestas lapidares, de respeito às raízes profundas e perenes, autênticas, como as que nos inspira o Museu Republicano da “Convenção de Itu.”

EVOCAÇÕES DE UMA VISITA AO MUSEU DA CONVENÇÃO REPUBLICANA DE ITU

Vetustas paredes,
azulejos de histórica textura,
atmosfera vital,
terra ituana,
solo de grandezas . . .
Figuras notáveis,
austeras ou amáveis
estes pisos pisaram.
Aqui se criaram
próceres, nasceram
de um querido chão.
Dimensões inspiraram
germinando belezas
lapidadas, límpidas,
a partir de certezas
encontradas brutas.
Espontâneas virtudes brotaram,
viçosos ideais se propagaram.
Precederam-se propósitos,
procederam-se legítimos quereres
de temprana missão.
Erigiram-se engenhos e campanários,
construíram-se homens
libertos ou libertários.
De escravos a nobres,
abastados ou pobres,
dimensão e nação
tão cedo mostraram,
clara vocação de Liberdade, Igualdade, Fraternidade,
lídima medida da certeza,
ambição, decisão.
Trabalho pesado
de musculoso e forte braço
sem arado.
Sentimentos, evocações e grilhões,
taba de pau-a-pique,
pilão,
batuque,
visão,
resoluta acertiva,
cadinho de destinos grandes, vontade indômita
de um romântico apaixonado.
Amor e paixão sincera
de sincero enamorado.

Erasmo Figueira Chaves
Itu – Na visita ao Museu em 03/08/93

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