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Publicado: Sábado, 28 de novembro de 2009

Relembrando os soldadinhos de chumbo

Os meninos da década de 30 brincavam com soldadinhos de chumbo. Era um dos brinquedos da moda. Naturalmente dependendo mais da imaginação, porque imóveis, os soldadinhos em posições fixas só podiam se movimentar com as próprias mãos. 

Em muitas ocasiões, quando refletia sobre a criação do homem por Deus, sempre achei justo considerar que nos equiparamos aos soldadinhos de chumbo. Estamos paralisados. Nada sabemos: porque existimos ou porque nos movimentamos de um jeito ou de outro.

Aquela belíssima poesia "O Pão", de Guerra Junqueiro, retrata com um material vivo, ou melhor, orgânico, a insignificância do homem: A humanidade é seara imensa, em chão de areia/ que Deus recolhe e Deus semeia/E cada homem, quer o rei , quer o mendigo/ é na seara de Deus um grão de trigo/.  

Soldadinhos de chumbo ou grão de trigo, somos absolutamente nada. Mas recebemos um sopro divino  e nos transfiguramos de seres inanimados em seres vivos, com sensibilidade, determinação e inteligência. Com tais pendores, pesquisamos a essência das coisas e descobrimos que procuramos a felicidade, aquilo que nos sensibiliza ao máximo, com alegria e perpetuidade.

Onde encontrá-la? "That is the question"...

O tumultuado mundo embaralha tudo. Se somos filhos queridos de pais normais, de família bem constituída, só quando crescidos nos depararemos com a problemática escatológica. Até lá, confiamos no "magister dixit" e viveremos amparados no amplexo familiar.

Nos dias atuais, a meninada, porém, não tem mais soldadinhos de chumbo. Diverte-se com vídeos games, celulares, computadores e os menos favorecidos com a telinha deseducativa. Acomodados, parecem mais adultos e, muitas vezes, infelizmente, recebem informações perniciosas e pecaminosas. 

São instruídos, como se constata e se exemplifica, errada e pretensiosamente para evitarem a aids, já faz um bom tempo, e cada vez com mais ousadia. A publicidade para se combater esse mal, na verdade, é mais um estímulo para se viver num mundo erótico e permissivo, sustentáculo do submundo da máfia e do dominador comércio pornográfico.

Essas crianças, passando a jovens e adultos como se comportarão nos momentos difíceis da vida e como se preocuparão com a própria destinação? Estamos presenciando a um trailer, que já está virando filme, do que acontece quando a infância e a juventude não são bem orientadas. 

A antiga Febem, hoje Fundação Casa, continua com revoltas e super lotação, escandalizando a todos. Restam-nos a expectativa de que os cidadãos prestantes e os dirigentes da sociedade se conscientizem de que é necessário dar um basta a tudo isso e implantem definitivamente, correta educação para salvar nossa infância e  juventude. 

Nos saudosos tempos dos soldadinhos de chumbo aquela felicidade de que falei no início, se encontrava bem mais próxima de nós...

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