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Publicado: Terça-feira, 24 de janeiro de 2006

Rede Globo: Reflexões

Na década de 1950 a televisão chegou ao Brasil. Lembro-me bem das primeiras impressões deixadas nos poucos lares que a podiam ter. Primeiro veio a Tupi, depois a Record, a Globo e anos mais tarde o SBT e a Bandeirantes. Na década de 1990 surgiram nossas três emissoras católicas: Rede Vida, Canção Nova e Século XXI.

Nos primórdios da televisão brasileira, alguns programas logo me interessaram. Entre eles os informativos, pela rapidez das notícias. Tenho boas lembranças da única novela que vi inteira: “A Escrava Isaura”. Sim, essa e mais nenhuma, pois foi fácil perceber o tom permissivo e repetitivo em quase todas, especialmente nas da Rede Globo. Ainda hoje, quando me sobra tempo, assisto alguns poucos programas que me interessam, como é o caso do Globo Repórter.

Reconheço que tecnicamente a Globo supera todas as outras emissoras, mesmo as dos países em que na minha vida pude conhecer nas viagens ao exterior. Mas essa superioridade permite a muitos de seus críticos tê-la como uma das menos éticas e mais permissivas de que se tem conhecimento. As novelas caíram no gosto do povo, principalmente das mulheres. São duas, três e até mesmo quatro todas as noites.

Qualquer um terá muita dificuldade em perceber nos programas da Globo algo construtivo e que corresponda à realidade das famílias brasileiras, como as que se multiplicam nas favelas. Apenas algumas produções de caráter histórico permitem ser melhor apreciadas. No mais, tudo é permitido: do simples acasalamento de jovens ao troca-troca de casais, dos adultérios à união de homossexuais.

Como afirmava o saudoso Cardeal Dom Lucas Moreira Neves, a Globo é uma das principais causas da descartabilidade do matrimônio, da perda do sentido do casamento, da rejeição aos filhos e outras mudanças de costume, divulgadas em suas novelas, que acabaram separando dentro de milhões de lares o marido e a esposa, os pais e os filhos. De modo geral a idéia que vendem é de que “Deus não existindo, tudo é permitido” e de que “o inferno são os outros”.

Enquanto Roberto Marinho, fundador e dono da Rede Globo, estava vivo, ainda havia certos limites éticos. Dizem que a prudência e a amizade com o atual Cardeal Arcebispo Emérito do Rio de Janeiro, Dom Eugênio de Araújo Sales, conseguia conter certos ímpetos da emissora. Mas Roberto Marinho partiu e o eminente Cardeal mantém-se em silêncio respeitoso, até pela gratidão devida ao dono da Globo por causa da ampla cobertura televisiva da primeira visita do Papa João Paulo II ao Brasil, na década 1980.

Hoje, nas poucas vezes que assisto a Globo, acabo preocupado com o espaço que a emissora vem oferecendo ao cardiologista Dráusio Varella. Todos os domingos, no Fantástico, ele passou a empenhar-se na divulgação dos contraceptivos e dos preservativos, particularmente entre as famílias pobres, pois as mulheres ricas já não têm mais do que um ou dois filhos.

Com a força da imagem, com suas palavras em tom amigo, o Dr. Varella já deve ter atingido milhões de pessoas, dissuadindo-as de ter filhos e levando milhões de mulheres à sua esterilidade e também a de seus maridos. O governo, anti-natalista há décadas, não tem apreço pela vida ou pelas crianças. Do jeito que as coisas estão, em breve teremos mais idosos do que crianças e jovens na população brasileira, tendo que importar mão-de-obra de outros países. E haja dinheiro público para sustentar a aposentadoria de milhões de idosos, punidos com o dever de continuarem trabalhando para ter os remédios e tudo mais a que têm direito.

Também não compreendo porque nas últimas semanas o Fantástico passou a denegrir a pessoa de Jesus Cristo, insinuando que Ele teria outros irmãos. Não deixa de ser curiosa essa tese do “Código Da Vinci” e de romancistas amalucados que imaginam coisas de vinte séculos atrás, fatos cuja veracidade histórica foi confirmada pelos evangelistas cristãos e até por historiadores pagãos como Flávio Josefo – em “Antiguidades Judaicas” -, Tácito – em “Anais do Império” – e Plínio, o Moço – em carta ao Imperador, indagando sobre o que fazer com os cristãos que se multiplicavam entre os povos do Império Romano nos primeiros séculos da era cristã.

Gostaria de saber o que aconteceria com os proprietários da Rede Globo se tais agressões fossem feitas à pessoa de Maomé e não a Jesus Cristo...

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