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Publicado: Sexta-feira, 18 de julho de 2008

Radicalismos Inexplicáveis

Intento abordar assunto repleto de dificuldades, pois penetra no mundo da excepcionalidade. Vejo o simpático padre Adelir de Carli na televisão sentado numa cadeirinha, ser içado aos céus por centenas de balões! Como, pode alguém ter essa coragem e encontrar justificativa, como fez o estimado e corajoso presbítero!
 
Com a mesma excentricidade, noto corajosos jovens se expondo em acrobacias com motocicletas, subindo e descendo rampas, adolescentes cada vez mais numerosos praticando skite, a ponto de existirem até em shoppings, espaços destinados a tais atividades.
 
Vejo ainda vôos de asa delta, competições de bicicrós em terrenos ondulados, empoeirados, encharcados, corridas de formula um, Indy, stockcar e dezenas de outros procedimentos (lutas de box, rapel,etc.), todos espantosamente perigosos, ensejadores de promover graves deformidades e ocasionar até a própria morte!
 
Tais e semelhantes radicalismos são para serem imitados ou servem apenas para ressaltar o insólito, a excentricidade tão admirada, justamente por constituírem espantosa exceção à normalidade?
 
Esses radicalismos perturbam bastante a racionalidade humana, mesmo após as “coerentes” explicações e justificativas dos seus adeptos e propugnadores. Mas, existem outros tipos de radicalismo embasados na espiritualidade que então põe tudo de cabeça para baixo.
 
É o incompreensível suicídio de homens, mulheres e até crianças, transformados em homens bombas em decorrência do fundamentalismo e radicalismo religioso. Essas criaturas devem ser preparadas possivelmente à base de lavagem cerebral e segundo consta, na religião que professam, receberão com a morte, a vida eterna num paraíso pleno de felicidades.
 
O correspondente do Estadão em Paris, Gilles Lapouge, em artigo de 23 de abril de 2008, relembra que os tradicionalistas da Fraternidade São PioX do falecido bispo Lefebvre, cujo substituto é o bispo Bernard Fellay ainda não se encontram satisfeitos com as diretrizes oriundas do Concílio Vaticano II.
 
Afirmam que esse concílio ditou “um novo modo de apresentação da Igreja, mais horizontal, mais dedicada aos problemas humanos e terrestres do que aos sobrenaturais e eternos.” Ainda, segundo Lapouge, “aos olhos dos tradicionalistas, a Igreja perdeu sua alma ao assumir um papel social e político, em vez de se consagrar aos valores espirituais.”
 
Notamos, portanto, mais uma forma de radicalismo que não deveria ter razão de existir. O tão ovacionado diálogo precisa ser entabulado, aparando-se as arestas existentes e decorrentes das diversas maneiras interpretativas. A antiga propagação da fé, hoje evangelização, não pode ser prejudicada por questões formais que a dificultam, eventualmente impedindo o fortalecimento da unidade cristã.
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