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Publicado: Quinta-feira, 29 de julho de 2010

Quem puder compreender...

Quem puder compreender...
'Mas amizade nunca sai de moda'

Tenho o hábito de, nos meus dias de bom humor, sorrir pras pessoas e, ontem, num supermercado, onde as pessoas têm a mania irritante de quererem passar com os seus carrinhos bem onde estou estacionada, tentei fazê-lo, como um pedido de desculpas, talvez, por estar no meio do caminho.

A cada cinco pessoas, quatro sorriam de volta. O que significa? Não, não significa que a que não sorriu é uma mal educada, não. Significa que o mundo devolve o que oferecemos a ele e que as pessoas se comportam de acordo com o modo com que agimos com elas.

Significa, ainda, que somos responsáveis pelo humor das pessoas, antes do nosso. Que se o mundo é um balaio de gente stressada e infeliz, temos parte de culpa. E que podemos, sim, simplificar as coisas e agir com mais paz e boa vontade.

Sempre me disseram para responder com amor aos gritos da minha mãe e, por mais difícil que seja, hoje entendo a diferença que isso faz. Encerra-se, com um sorriso ou palavra calma, o que poderia se tornar uma guerra, se houvesse sido retribuído com farpas.

Isso tudo me faz pensar nas pessoas. E, uma vez que somos todos feitos de minúcias, pequenos detalhes e cores que, juntas, formam quem somos, efetivamente, é absolutamente normal que pessoas com as quais convivemos possuam alguns aspectos para nós repugnantes.

E, se querem saber, são os maus exemplos - as tais características 'não tão certas assim' dos outros que nos ensinam verdadeiramente como sermos melhores. Vejam vocês, por exemplo, aquela filha única que coleciona sapatos e vestidos - que esnoba as pessoas e venera as coisas: eis uma criatura isolada, que tem amigas por poder oferecer à elas carona ou status. Essa, acredite, acha que ter o último modelo de celular, rosa e com strass, a fará ter amigos. Não tem, acreditem, pois os que a cercam estão lá por interesse, não afeto.

E, vendo isso, eu - e acredito que muitos de vocês - sorrio de pena de um alguém que vai morrer sozinho se não aprender que futilidade é o caminho mais requintado para a solidão. Aprendemos, só de olhar, que devemos construir pontes, ligações fortes e sinceras com familiares e amigos. Tanto coisas quanto pessoas envelhecem, mas amizade nunca sai de moda.

Há os preguiçosos, os acomodados e os pessimistas: pessoas que se conformam com a péssima situação, crêem que tudo pode - e vai - piorar e que não há nada a ser feito. Se houver, não é problema dele e é melhor evitar a fadiga. Esses nos ensinam que se queremos ou precisamos de algo - se almejamos mudança ou evolução - temos mesmo é que arregaçar as mangas e ir à luta, com fé e coragem, e não desistir jamais, pois nada nessa vida vem de graça e se veio é porque desejamos a coisa errada.

Há os stressados, depressivos, que sugam nossa energia, felicidade, e parece que têm como único objetivo deixar-nos tão pra baixo quanto eles. E quando vemos estamos tão down que tudo parece difícil e distante. Aprendemos que por mais difícil que seja uma situação, precisamos respirar fundo e manter acesa dentro de nós a luz da esperança.

Os teimosos, os soberbos, egoístas, mau humorados, críticos, chatos e mal intencionados... Sempre há algo pra se aprender.

A lição está lá, basta vê-la. Quem puder compreender, que compreenda.

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