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Publicado: Segunda-feira, 14 de maio de 2012

Quem já brincou de médico?

Todo adulto, ou quase todo, já brincou de médico, ou fez o troca-troca natural, quando cresce nega de pés juntos. Sempre foi o vizinho, amigo ou primo. Ele sabe que faziam, menos ele…

Bem, no nosso país hipócrita, machista e preconceituoso, tem gente que acha que uma mulher não pode andar com roupa escandalosa que já merece ser abusada. Acho que parte das mulheres poderiam ter evitado se prestassem atenção nos lugares ermos onde andam. Que estupro é igual a assalto, atinge mais a vítima distraída.

No caso dos meninos de 11 anos de São Carlos, cidade do interior, e na escola do bairo mais pobre da cidade, quatro meninos foram acusados de estuprar uma colequinha de 11 anos na sala de aula no curto espaço entre a saída de uma professora e a entrada de outra. Convenhamos, um espaço curto para um delito tão grande. Se fosse uma passada de mão, aí sim seria normal, natural. Anormal é a escola não tomar a providência no sentido de educar. Aproveitar o ensejo e fazer uma palestra e até eventualmete punir os alunos de modo pedagógico e exemplar. Saber o por que a aluna foi escolhida para ser a vítima da brincadeira ou do abuso, caso queiram.

Como é escola de periferia e para desobrigar a escola, por negligência, que se não foi mais do que uma passada de mão, os alunos ficaram muito tempo sozinhos na sala. E pré-adolescentes sozinhos, vão mesmo aprontar. Poucos ficam quietinhos e sentadinhos, alinhadinhos…

Os alunos foram para a presença do Juíz no mesmo dia, ouvir a sentença, mas o assustador mesmo foi a reação do povo, que escreveu na Internet, no Folha.com, caderno Cotidiano.

Como aluno de escola pública é tido como um problema alguns pediam que os pais da menina castrassem os garotos, que não era para esperar a justiça.

Outros diziam que tinha que gastar quatro balas uma em cada cabeça e depois mandar a conta da bala para a família. Tinha aqueles que sugeriam que esses "montros ferozes e sanguinários” fossem para a Fundação Casa com a recomendação que fossem violados sexualmente e espancados até a morte.

Pediam punição que fariam Torquemada parecer uma anjo e Maquiavél corar de vergonha.

Tudo em nome da moral e dos bons costumes, e de quebra valorizar os professores, coitadinhos, que têm que aturar esses futuros delinquentes irracionais

Um até disse que é problema da inclusão social. Pobre que vai na escola dá nisso.

Então é isso. ..

O que se faz quando pessoa supostamente esclarecida reclama de escola que se “dá” aos pobres, e que eles não aproveitam mesmo?

Para onde vai a educação?

Para onde vamos?

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