Quem destrói o Planeta Terra?
Os problemas ambientais se tornaram praticamente um signo de nossa época, e várias ameaças se sucedem na mídia. Já foi o tempo do buraco na camada de ozônio, agora é o do aquecimento global, sem contar as inumeráveis espécies em extinção. O homem está destruindo a Terra – esta é a consigna que mais se nota nesse alarde todo.
Os especialistas mais sisudos – um deles, o biólogo e geneticista americano Richard Lewontin, da Universidade de Harvard – ensinam que os seres vivos criam os próprios meios ambientes adequados à sua sobrevivência. E que o homem, sendo um deles, também altera a natureza para poder sobreviver. Planta, cria animais, constrói moradias, cidades e infra-estrutura; extrai produtos da natureza com os quais obtém seus meios de vida e assim por diante.
O ser humano, portanto, para poder sobreviver, interfere, e muito, na natureza. Mas, e as ameaças difundidas, resultam dessa interferência? A resposta é sim, e não pode haver dúvida sobre isso. Mas, neste ponto, a análise precisa caminhar um pouco mais. Como o ser humano interfere e prejudica o meio natural?
Sua interferência decorre da forma como a vida está organizada e como os bens necessários à sobrevivência e à reprodução são produzidos e distribuídos entre os seres humanos. Nesse sentido, começa a perder sentido o uso da expressão “o homem está destruindo a Terra”, sendo mais correto qualificar melhor quem é este destruidor terrível.
No nosso tempo, ele é a forma predatória como a produção material está organizada e a sociedade que decorre dela, com seus hábitos, costumes, formas de consumo. E, mais do que isto, o princípio geral que comanda a produção: a busca irrestrita e desenfreada do lucro, do ganho a qualquer custo, um princípio que compromete as duas principais fontes da riqueza que são o trabalho humano e a natureza.
O trabalho humano porque, sendo a única maneira de transformar insumos e matérias primas em bens úteis necessários para todos, é submetido a sistemas ultrajantes de atuação, a rendimentos precários, a jornadas extensas e extenuantes, que comprometem a saúde e o bem estar do trabalhador, tudo em nome das altas produtividades e lucratividades. A natureza porque ela é a fonte das matérias primas necessárias para a produção, desde produtos agrícolas, madeiras, animais, peixes, até minérios de todos os tipos, etc.
Extração que a busca do lucro transforma em atividade predatória e ambientalmente irresponsável. Irresponsabilidade agravada pelas conseqüências dessa produção desenfreada, cujos dejetos envenenam os ares, as águas, as terras; e cujos produtos (carros, produtos eletrônicos, plásticos e muitos dos chamados “novos materiais”, entre tantas quinquilharias que a vida moderna obriga as pessoas a comprar) são os veículos da destruição ambiental.
Depois destas considerações fica difícil culpar um “homem” abstrato pelos males ambientais, devendo o dedo acusador ser apontado para a causa principal dos problemas: a forma de se produzir, distribuir os produtos e organizar a vida que prevalece hoje, principalmente nos países ricos mas que também se espalha pelos demais. Muito além das emissões dos gases do efeito estufa, tão faladas hoje, o que precisa ser analisado e debatido é o modelo de desenvolvimento que prevalece, que é paradoxal por criar riquezas como nunca para uma parte dos seres humanos, mas também pobreza e degradação para a imensa maioria. E que, além disso, ajuda a destruir o meio ambiente necessário para a sobrevivência de todos. O vídeo anexado neste comentário é uma demonstração artística desta problemática e merece ser assistido e difundido. Siga o link e bom filme!
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- josé ruy