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Publicado: Quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Que Estância Turística é essa?

Crédito: Raul Machado Carvalho Que Estância Turística é essa?
Candelária, único patrimônio aberto no carnaval
Hoje, as pessoas vivem no mundo do faz de conta. Profissionais fazem de conta que são competentes, governantes fazem de conta que se preocupam com o povo e o povo faz de conta que acredita. Itu é uma estância turística no papel, na Lei, e nós todos acreditamos. Infelizmente a coisa não é bem assim.
 
Gostaria, sinceramente, de escrever sobre os progressos do turismo em Itu. Mas é difícil. Eles só existem na propaganda oficial.
 
Na Segunda-Feira de carnaval resolvi fazer um “toor” pela cidade e visitar nossas atrações turísticas. Pura decepção.
 
Comecei pela Estação Rodoviária, onde gostaria de obter algumas informações sobre estatísticas do movimento de pessoas e veículos em 2007 e compará-los aos de 2006. Mas, lá chegando, vi que a portinha onde fica a administração estava fechada. Perguntei a alguns comerciantes da própria rodoviária o porquê da administração estar fechada e eles me informaram que é assim mesmo. A Administração fica fechada em todos os feriados, sábados e domingos. Perguntei o nome do administrador e ninguém soube dizer. Ao falar com um guarda municipal ele mesmo comentou sua revolta porque “é justamente nesses dias que os turistas que chegam precisam de informações e naturalmente procuram a administração da rodoviária para obtê-las. Em todos os feriados – carnaval, semana santa, independência, natal etc. o administrador “tira férias”. Ora, esse é o tipo de local público que precisa funcionar todos os dias, sem exceção. Ou, pelo menos alguém da equipe fazer plantão. Se um guarda sabe disso é de se supor que os responsáveis pelo turismo local também deveriam saber. É tão evidente, tão lógico, nem é necessário muito estudo para saber disso, basta bom senso.
 
Segunda-Feira de Carnaval – resolvi, então, dar um pulo no Parque do Varvito. Notei uma placa indicativa na Praça Padre Miguel. Segui o caminho e logo depois outra placa mostrava a direção correta. Mas, em seguida vieram bifurcações e o cruzamento com uma grande avenida de mão dupla. E nada mais de placas. Ainda bem que as pessoas por lá sabiam informar. Dez horas da manhã. Fui chegando ao Parque e logo percebi que estava fechado. Parei o carro e fui falar com uma pessoa uniformizada que estava na portaria. Perguntei porque o parque estava fechado e ele me disse que às segundas-feiras o parque fecha para manutenção. Numa rápida olhada vi que não havia ninguém no recinto. E ele respondeu que “hoje” não foi ninguém da equipe de manutenção porque era feriado. Só ele dava plantão. Notei que nos cinco minutos que demorei conversando com o guarda, outros carros se aglomeraram atrás do meu, com famílias, jovens, crianças que também queriam visitar o Varvito – placas de Sorocaba, São Paulo e Americana. Ninguém se conformou. Hotéis, pousadas e campings lotados e os turistas passeando pela cidade sem encontrar nada do turismo aberto.
 
Decidi ir até a Secretaria de Turismo. O centro histórico repleto de turistas. Famílias inteiras, jovens casais com mochilas, muitas câmeras fotográficas, filmadoras. Nenhuma segurança preventiva, nenhum policial rodando por ali. Na Secretaria havia fila de turistas procurando informações. Fiquei na fila aguardando a minha vez. Nisso, notei que a atendente, antes do turista perguntar qualquer coisa já ia dizendo: As lojas “das coisas grandes” ficam por aqui, mostrando o mapa. A fazenda do chocolate é na estrada parque, o apiário, na estrada velha de Sorocaba etc etc. Nada contra. Mas, nenhuma menção ao Centro Histórico ou Cultural é demais. Então de que adianta o esforço do Protur em manter trailer distribuindo informações se a própria Secretaria de Turismo as relega a segundo plano?
 
Aí chegou a minha vez. Perguntei porque o Varvito estava fechado. A resposta foi a mesma. Manutenção às segundas-feiras. Aí eu pedi que ela levasse aos seus superiores, amadores de plantão, a minha revolta pela insensibilidade de não perceberem que estávamos bem no meio do maior feriado brasileiro, e que a tal manutenção, que na verdade não havia, poderia ser feita na quarta-feira, na quinta, na sexta, ou em qualquer outro dia para que o parque ficasse aberto no período de maior movimento turístico em todo o país. Isso é amadorismo puro, falta de planejamento, ou, como dissemos no início – Itu finge que é estância turística.
 
Segunda-feira de carnaval – Igreja do Carmo fechada, Casa do Barão fechada, Museu da Energia fechado, Espaço Cultural Almeida Júnior fechado, Museu Republicano fechado (seria simples se colocar uma placa na porta informando sobre a sua reforma, previsão de abertura etc.). Desisti.
 
A Candelária estava aberta. Linda como sempre. Repleta de visitantes perplexos com a sua beleza. As pessoas entrando e olhando para o teto, para os altares laterais, querendo saber de quem eram as imagens, os quadros pintados nas paredes, inclusive eu. Talvez fosse o caso de se colocar legendas em tudo. Mas o melhor mesmo é se a Igreja ou alguma escola de turismo, ou o Protur, conseguisse alguns monitores para assessorar os turistas que visitam o que chamamos de maior monumento barroco do Estado de São Paulo. De que adiantam títulos pomposos, se as pessoas não recebem nenhuma informação ou folheto sobre a história da Candelária, sua importância como arquitetura, como mensageira da fé, como símbolo ituano, com imagens belíssimas, pinturas espetaculares se não conseguimos saber quem é quem lá dentro? Os monitores poderiam ser estudantes de turismo, voluntários, que no contato com o público visitante poderiam levantar informações importantes dos turistas como uma espécie de cadastro (se a visita é de um dia, se estão hospedados, onde, suas sugestões, se pretendem voltar, coisas assim) para que, posteriormente, passassem a receber informativos sobre as atividades e eventos de Itu. Além disso, os monitores poderiam proteger, com suas presenças, o patrimônio da própria igreja, passível de ser furtado. Mas, pedir isso à Secretaria de Turismo seria demais. Exigiria um grande esforço, trabalho de fazer contatos etc.
 
E, assim, vai o turismo de Itu. Como restaurante que fecha para o almoço.
Mas, como este ano é ele
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