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Publicado: Quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Q.I.! Q.E.?! Q.S.?? Inteligência Humana - Parte II

Crédito: educacaopublica.rj.gov.br Q.I.! Q.E.?! Q.S.?? Inteligência Humana - Parte II
Razão e emoção: inseparáveis?

No encontro passado começamos nossa pequena série sobre inteligência humana. Trouxemos algumas curiosidades sobre o teste de Q.I. (Quociente Intelectual), mostrando que ele mede de modo imperfeito apenas uma pequena parte da inteligência (parte ligada às habilidades cognitivas) e também foi explanado quão complexo, dinâmico e sistêmico é esse conceito de inteligência humana. Hoje gostaria de dedicar alguns poucos parágrafos para introduzir o que é, segundo a Harvard Business Review, “a chave para o sucesso profissional”: a Inteligência Emocional (Q.E.). 

Segundo os psicólogos Mayer e Salovey (1997), precursores acadêmicos na conceituação do tema, a inteligência emocional envolve a capacidade de perceber acuradamente, de avaliar e de expressar emoções; a capacidade de perceber e/ou gerar sentimentos quando eles facilitam o pensamento; a capacidade de compreender a emoção e o conhecimento emocional; e a capacidade de controlar emoções para promover o crescimento emocional e intelectual. O assunto foi publicado pela primeira vez como artigo científico por estes mesmo pesquisadores em 1990, porém já havia sido discutido anteriormente por outros estudiosos como, por exemplo, Howard Gardner com sua Teoria das Inteligências Múltiplas da década de 80, na qual ele aborda os conceitos de inteligência intrapessoal e interpessoal.

Esses pesquisadores foram fundamentais e são muitíssimo respeitados por suas contribuições acerca do tema, mas o crédito pela explosão de discussão, estudo, aplicação e medição da inteligência emocional deve ser dado ao psicólogo de Harvard, Daniel Goleman. Ele escreveu, em 1995, a obra Inteligência emocional: a teoria revolucionária que define o que é ser inteligente. Em meados dos anos 2000 já tínhamos frutos da ordem de mais de 700 teses de doutorado sobre o tema, invasão completa no mundo dos negócios com associação, inclusive, do potencial para liderança com aptidões de Q.E., sem falar da invasão na educação através do SEL (social and emotional learning – aprendizado social e emocional), que é um programa que foi agregado atualmente nas grades curriculares de países do mundo todo, visando o desenvolvimento das competências de inteligência emocional desde cedo nas crianças. A ideia é incorporar para as crianças o ensino e desenvolvimento das competências associadas à inteligência emocional assim como elas tem de atingir níveis de competência em matemática ou ciências, por exemplo.

Diante da importância que o tema ganhou, cabem algumas perguntas/provocações e dados:

·         Você sabia que desenvolver competências de inteligência emocional em nossas crianças eleva sua confiança, autoconsciência, empatia, controle das emoções e também o desempenho acadêmico delas?

·         Pesquisas conduzidas em escolas de Chicago para crianças de pré-escola até ensino fundamental apresentaram melhoria de comportamento significativa em 63% dos alunos e elevação do desempenho acadêmico em mais de 50% deles com a implementação de programas de SEL. Quão importante é que tenhamos nossas crianças aprendendo desde pequenas a controlar, navegar e gerenciar suas próprias emoções?

·         O desenvolvimento da inteligência emocional pode sim ser catalisado e realizado com programas como o SEL, porém ele sempre foi transmitido naturalmente na vida cotidiana, nas brincadeiras ao ar livre e no relacionamento direto e contínuo com pais e família. Como os fatores econômico e tecnológico têm impedido ou freado o desenvolvimento da inteligência emocional dos adolescentes e crianças? Quanto tempo os pais investem com seus filhos em nossos dias?

Gostaria de acrescentar ainda o Modelo de Quatro Pilares de Mayer-Salovey-Caruso (2000), no qual constam quatro tipos de habilidades envolvidas com Q.E.:

·         Identificar emoções – reconhecer como você e o outro se sentem verdadeiramente;

·         Utilizar emoções – gerar e empregar emoções no processo de raciocínio;

·         Entender emoções – entender variações emocionais e dar sentido aos sentimentos;

·         Gerenciar emoções – atuar com inteligência com base nas informações identificadas, utilizadas e entendidas do eu e do outro.

Dar a devida atenção à inteligência emocional nas escolas e nos ambientes de trabalho a partir de uma avaliação prévia dos níveis da mesma (sim é possível medir os níveis das competências de Q.E. em nossos dias para o ser humano através de ferramentas de avaliação fantásticas!) e de estratégias bem definidas de desenvolvimento pode permitir ambientes profissionais e escolares mais saudáveis, mais produtivos e repletos de seres humanos aptos a navegar melhor em suas emoções e nas dos outros. O que isso significa? Isso significa que teremos relacionamentos mais sustentáveis nas esferas intra e interpessoal! Isso significa que a prática do servir e do amar ao próximo como a nós mesmos será potencializada!

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