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Publicado: Sábado, 23 de abril de 2011

Punição coletiva é uma medida ilegal

 

A nossa escola pública, segundo o IBGE, está com metade dos alunos de ensino médio na rua.

Estamos aumentando o número de construções de Fundações Casa e as Penitenciárias. Estão superlotadas de jovens.

Os jovens rebeldes, líderes e contestadores, não ficam bonzinhos porque a escola os expulsou.

A escola pública teve média 3 na escala de 0 a 10. Temos duzentas e duas escolas em zero e alguma coisa. Milhares de escolas públicas com nota um vírgula alguma coisa. Puxando a qualidade da escola particular para baixo.

A menos que seja uma escola particular caríssima as escolas particulares medianas têm professoras que estudaram na escola pública. Acabam reproduzindo o que aprenderam.

Estamos todos no mesmo barco. Achar que seu filho está na escola particular está a salvo é um engano.

Educar é principalmente dar o bom exemplo.

Com jovem e criança não funciona o “faça o que eu mando e não faça o que eu faço”.

Quando o governador Geraldo Alckimin, na sua última gestão, criou a Ronda Escolar para resolver o problema de disciplina da escola, eu ali já vi com muita tristeza que era uma decisão desastrosa. Toda vez que uma corporação interfere na disciplina da outra, uma está equivocada e outra está falida.

Neste caso, a Polícia equivocada e a escola Falida.

No final de 2009, o Secretário de Educação do Serra elaborou e distribuiu nas escolas uma cartilha onde ele autorizava a escola a suspender, e transferir compulsoriamente alunos. Recomenda-se e autoriza a escola a violar a lei. Impedir aluno de assistir aula se ele cometer um ato de indisciplina pode ser cômodo para a escola, mas o resultado é um desastre.

Aluno que comete ato de indisciplina pode e deve ser punido com medida pedagógica, mas dá trabalho, e fica mais fácil na lei do menor esforço colocá-lo para fora da escola.

Agora o governador declara para a grande imprensa que recomenda para a escola que chame a polícia diante de qualquer anormalidade.

Gostaria de saber o que é anormalidade. Já que para a escola pública não existem limites para os abusos.

Os educadores, aqueles bons professores, estão tão angustiados quanto os pais, com o rumo que a escola pública tomou. Eles sabem da importância da escola na formação do cidadão. Agora a escola está extrapolando.

Um aluno faz uma diabrura, ou comete um ato de indisciplina, e a escola suspende a classe inteira.

Aliás, mais de uma. A classe cujo aluno cometeu o ato de indisciplina e a classe que estava perto.

Pronto, menos alunos na escola, menos trabalho, e os professores ganhando as aulas.

Pior é que punição coletiva é proibida até na Fundação Casa.

Punir coletivamente é uma medida ilegal, e injusta, mas está sendo largamente usada nas escolas públicas.

Suspendem por até 10 dias. Muitos alunos não voltam mais depois da suspensão.

Se temos agora metade dos alunos do ensino médio, o que acontecerá no final deste ano?
Quantas Fundações Casa teremos que construir? Quantas Penitenciárias?

E para encerrar, vou ser óbvia e ululante.

QUEM PAGA ESSA CONTA, COM CERTEZA, É O TROUXA DO CONTRIBUINTE.

Teremos um Estado mais inseguro, menos próspero, que também é óbvio que a educação é o parâmetro para toda mola do progresso.

Hora de passar a limpo a escola pública.

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