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Publicado: Sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

Publicidade Nociva

Num mundo onde todos aspiram por uma vida feliz, até a publicidade, que deveria ser neutra, é nociva e faz mal à saúde, tanto da alma como do corpo. Aquela propaganda gostosa dos bons tempos do rádio e da incipiente televisão, paulatinamente foi se tornando agressiva, maldosa, desesperadora, como a que se constata nos tempos atuais.
 
Os locutores de todas as mídias falam apressadamente e gritando, na medida do possível, como algo de importante ou catastrófico estivesse para acontecer. Assim, está sendo insuportável assistir qualquer programa com tranqüilidade e as clínicas de terapias psicológicas e psiquiátricas devem sofrer tremendo aumento de atividades para colocar as mentes estressadas e conturbadas em seus devidos lugares.
 
Não dá para ver aquele medonho cara de bigode lustroso rodeado de jovens semi-vestidas fazendo propaganda de determinada cerveja. Horrível aquela outra do cara perseguido (não sei se é de algum etê, pois já nem presto mais atenção), que enfrentando espantosos obstáculos, vê um majestoso carro pela frente que vence todos os obstáculos para acentuar que essa determinada marca deve ser a preferida.
 
O pessoal da publicidade, no afã da inovação a qualquer preço, acaba prejudicando o próprio produto, pois existe muita gente nesta mesma linha de pensamento que acaba desistindo de comprá-lo, na sua vingancinha efetiva pelo mau gosto (é a pura legítima defesa) como exemplifico: gostava e usava um determinado dentifrício; vejo na televisão, porém, que a propaganda dele se tornou totalmente inadequada e inconveniente, pois um casal de jovens que o utiliza, rola abraçados pelo chão prontos a se beijarem, naturalmente só porque o usam.
 
Já passei, a contra gosto, a comprar outra marca de pasta dental. Mas, os que mais sofrem com a nociva publicidade são os menos favorecidos que, geralmente possuindo televisão em suas modestas moradias, se entusiasmam ou se empolgam com a propaganda de produtos cobiçados ou até necessários e para os adquirir fazem imensos esforços, inclusive sacrificando a verba destinada à própria alimentação. Geralmente não agüentam as longas prestações e acabam com o tempo, tendo seus nomes inscritos nos humilhantes cadastros do SPC e do SERASA, dos quais sofrem muitíssimo para se libertarem.
 
Notem que a volúpia do enriquecimento faz serem esquecidas as boas e saudáveis normas do comércio que deveriam motivar alegria, pois ensejam a aquisição de bens necessários ou desejáveis, segundo as conveniências e possibilidades econômicas de cada um.
 
A conclusão a que se chega é sempre a mesma: precisamos nos reeducar, no sentido de que a vida em sociedade em todas suas manifestações seja decente, marginalizando todas as más ou inconvenientes maneiras de proceder, inclusive reclamando aos órgãos disciplinadores competentes corrijam, ou seja, não permitam toda e qualquer publicidade anormal, inconveniente, malévola.
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