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Publicado: Segunda-feira, 25 de fevereiro de 2002

Propaganda Enganosa

Estamos em um ano eleitoral e é impressionante como todos os canditados projetam para o eleitor uma expectativa de um país melhor, sem corrupção, violência, desemprego, inflação, enfim, o Brasil das maravilhas. O canditado parece mais uma marionete ou ator em frente às câmeras de tv, obedecendo a um script pré determinado, dos marketeiros de plantão.
   Vejam a briga pelo passe do publicitário Nizan Guanes, que estava engajado com a Roseana Sarney, mas acabou ficando por pressão do presidente FHC, com o tucano José Serra.
   Lembram-se do ex presidente Fernando Collor, bem estruturado, boa aparência e que nos prometeu uma passagem de ida para o 1.o. mundo.
   Não sou político e não pertenço a nenhum partido político, mas penso juntamente com vários amigos que ninguém agüenta mais um Vendedor de Ilusões, pois, depois, a decepção e desilusão são maiores ainda.
   O próximo presidente precisa mostrar a realidade do nosso pais, o enorme potencial, nossas riquezas e apontar para as grandes dificuldades que terá para nos guiar rumo ao desenvolvimento.
   Precisa ter um plano de metas, mostrando claramente ao mercado e investidores, que por sermos a 8.a economia do mundo, termos um mercado carente por consumir, que alguns paradigmas devem ser mudados.
   Devemos SIM, negociar nossa imensa divida e não cortarmos do orçamento da união, cada vez mais verbas destinadas à saúde, educação, saneamento básico, segurança, para cumprirmos a Lei de Responsabilidade Fiscal, que diz em seu artigo 8.o., que não serão objeto de limitação as despesas destinadas ao pagamento do serviço da divida.
   Não estou fazendo uma apologia ao calote ou default, mas sim, renegociar nossa divida para níveis mais civilizados, pois, se continuarmos dessa forma, em curtíssimo espaço de tempo, estaremos pior do que a Argentina, nossa vizinha.
   A Folha de São Paulo em seu editorial de 03/02/02 (Aritmética da Crise), diz que até onde o tesouro pode suportar a sangria, que se dá pela manipulação ostensiva de um sistema tributário que bloqueia o crescimento econômico? E até onde poderá a sociedade suportar tanta concentração de renda estimulada e patrocinada pelo próprio estado.
   Com o aumento da dívida publica, esse sistema econômico esta cada vez mais próximo de ruir e com ele a própria governabilidade.
   O Brasil é o terceiro pais em desigualdade de renda no mundo, atrás apenas da Suazilandia e Nicarágua e esse é o maior motivo para toda essa recente e crescente onda de violência que assola nosso país.
   O crime esta cada vez mais banalizado, pouco valor se dando a vida humana. Quando pessoas influentes são assassinadas ou seqüestradas, volta-se a falar em soluções mágicas e rápidas para diminuir esses índices, como construções de novos presídios, aumento do efetivo policial, compra de novas viaturas, etc.
   Estudo da Prefeitura de São Paulo mostra que pobreza e violência andam de mãos dadas nos 96 distritos da cidade. Quanto maior a taxa de crescimento anual do número de chefes de famílias pobres, maior a chance da região conviver com aumento por mortes violentas. (Folha de São Paulo 14/02/02).
   90% dos criminosos são jovens, com escolaridade nunca superior ao primeiro grau e renda familiar em torno de R$ 180,00 (um salário mínimo). Vivem no meio da miséria, da violência, não tem perspectiva de vida no presente e o sonho de um futuro é não ser logo assassinado.
   É muito mais econômico, mantermos um jovem na escola e em atividades culturais e esportivas durante todo o dia ( vejam o projeto da Xerox do Brasil no morro da Mangueira, Projeto Axé na Bahia), e tantos outros, do que um preso na ociosidade da Febem ou em penitênciárias.
   Essa propaganda enganosa é aquela que apenas nos mostra as belezas por ex. do Maranhão ( e efetivamente o estado é muito bonito por suas belezas naturais) e não fala que a oligarquia atual domina a política naquele estado há 35 anos, ou mostra as suas mazelas : tem a pior renda mensal do país; apenas 24,6% de esgoto ou 53% de água encanada (Censo 2000).
   Enfim, precisamos de uma política de combate às injustiças sociais, de crescimento econômico, de distribuição de renda, de combate ao desemprego, tudo isso num debate claro, mostrando as origens desses recursos dentro do orçamento,um debate claro entre os poderes e não apenas o presidente governando na base do é dando que se recebe, que é a pratica em vigor há muito tempo em nosso pais.
   Espero que você que esta terminando de ler esse artigo reflita e pense em como podemos melhorar nosso pais, em como podemos nos doar um pouco para o bem do nosso semelhante, porque não podemos viver nesse estado atual, de medo, pânico, esperando por um vendedor de ilusões entrar em nossos lares pela mídia e nos prometer o impossível.
   
   MISÉRIA É MISÉRIA EM QUALQUER CANTO
   RIQUEZAS SÃO DIFERENTES
   A MORTE NÃO CAUSA MAIS ESPANTO
   MISÉRIA É MISÉRIA EM QUALQUER CANTO
   FRACOS, DOENTES, AFLITOS, CARENTES
   RIQUEZAS SÃO DIFERENÇAS
   
   MISÉRIA - MÚSICA DOS TITÃS - 1989 - CD Õ BLÉSQ BLOM
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