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Publicado: Domingo, 6 de julho de 2008

Prolixo

Crédito: Google Imagens Prolixo
Coloco sem pestanejar o meu cargo à disposição e a minha honra em jogo se não for a pura expressão da verdade o que irei narrar nas linhas que seguem.
 
Juro, com a mão direita sobre a Bíblia, perante a justiça de Deus e a dos homens, que nada omitirei ou acrescentarei à bombástica e reveladora sucessão de acontecimentos de que fui testemunha, afirmando que os mesmos têm efetivamente o poder de mudar o curso atual da história e afetar de forma indelével e contundente a vida de um terço da humanidade, numa projeção bastante conservadora e tomando-se por base a parcela economicamente ativa da população.
 
Alerto, de antemão e a quem interessar possa, que me encontro munido do necessário arcabouço jurídico para defender-me daqueles que, maldosa e levianamente, tencionarem levar-me às barras dos tribunais por provocar-lhes eventuais infartos do miocárdio, colapsos nervosos, palpitações, tremedeiras, espasmos e outros fenômenos de natureza semelhante e conseqüências potencialmente fatais, advindos das revelações a serem por mim anunciadas.

Ainda que se argumente que tais revelações não se caracterizem em si mesmas, numa análise fria e cartesiana, como capazes de insuflar o pânico nas massas e manifestações de protesto das categorias profissionais mais articuladas, seus insondáveis desdobramentos levariam a resultados a bem dizer catastróficos. Políticas internas e relações internacionais, economias capitalistas e socialistas, transportes coletivos e individuais e até mesmo a sintaxe dos idiomas atualmente falados no planeta seriam mortalmente abatidos e cruelmente dizimados de forma truculenta, impiedosa e avassaladora, mesmo que empreendidos todos os esforços em contrário.
 
Do ponto de vista da prudência e do instinto de auto-preservação, não há dúvida de que deveria este escrevinhador desviar a pauta para assuntos mais amenos, que em nada lembrassem o messianismo e a responsabilidade imensa de que forçosamente estou imbuído, na qualidade de guardião de um segredo capaz de deflagrar centenas de revoluções simultâneas nos quatro cantos do mundo. Algo, porém, lá no fundo da alma e da consciência, clama para que a verdade venha à tona, custe o que custar e doa a quem doer. Mesmo que possa ganhar legiões de inimigos, que seja injustamente chamado de anticristo e taxado pelas esquinas de pomo da discórdia, não renunciarei ao me direito de livre expressão e ao meu dever de alertar a comunidade do iminente perigo que corre.
 
Expostas estas indispensáveis considerações, iria finalmente elencar os fatos, não fosse ter percebido nesse exato instante (uma e meia da madrugada, horário de Brasília) que o limitado espaço que possuo (três mil caracteres, no máximo) ora se esgota, à minha revelia e ante a justificada ira de meus dois ou três leitores. Por serem assim tão poucos, creio não correr sério risco de vida. Até porque, se me matarem, aí é que não saberão mesmo do que afinal se trata aquilo que estou falando – assunto ao qual prometo voltar tão logo me seja possível.
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