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Publicado: Segunda-feira, 23 de maio de 2011

Produtos orgânicos: só mais um modismo?

Não, os números não mentem. No último ano o consumo de orgânicos cresceu 40% em comparação a 2009 e estima-se que as vendas destes produtos venham a dobrar até 2014 (Fonte: Globo Rural). Os orgânicos deixaram, portanto, de ser produtos de nicho, coisa de pessoas “alternativas”, e hoje são comercializados, entre outros, nos supermercados das grandes redes. Ainda assim, são cercados de dúvidas, desinformação e mitos que inibem  sua maior aceitação - situação esta que aqui nos compete reverter.

Comecemos com os mitos: as hortaliças e frutas orgânicas são caras, feias e pequenas. Tal como entre horti-frutis convencionais, existem orgânicos feios e bonitos, grandes e pequenos, dependendo do clima, do solo, da semente, etc. Eles não alcançam o tamanho de alguns dos produtos convencionais, como couves-flor que não cabem na panela ou salsões que parecem um pequeno arbusto. Estes gigantismos só são possíveis com a utilização de a) muito adubo químico, que os faz crescer rapidamente (como se fosse uma “injeção de vitamina na veia”), e b) agrotóxicos que mantém os insetos e fungos longe deles, além de c) herbicidas que são misturados à terra para que não cresça qualquer mato que roube os nutrientes das hortaliças. Assim, com a utilização de tanta química a saúde do homem (consumidor e trabalhador rural) e da terra ficam em segundo plano, pois a prioridade é a produtividade obtida.

E os orgânicos são mesmo mais caros? De uma perspectiva meramente monetária geralmente sim, dependendo da época do ano e das condições climáticas. Os orgânicos costumam ter preços constantes o ano inteiro, então o pé de alface orgânica ao custo de R$ 2,00 não será mais caro do que o da convencional no alto verão, quando toda a agricultura sofre com o excesso de chuvas e calor. Mas no inverno, quando a alface convencional cai para R$ 1,00 (se não houver geada ou granizo), a orgânica custará o dobro. A agricultura orgânica demanda mais mão de obra do que a convencional pois não se usa químicas para eliminar o mato, atividade esta que é executada manualmente.

De uma perspectiva mais ampla - ambiental e social - a agricultura orgânica é a mais barata que existe, pois conserva a saúde da terra como um organismo vivo, não vendo nela somente um segurador e um alimentador de raízes.  Ao também preservar a saúde do trabalhador rural, que não é obrigado a manusear tóxicos, e dos consumidores em geral, que não ingerem produtos químicos nocivos invisíveis, a agricultura orgânica deixa de gerar passivos sociais e ambientais para a sociedade toda e as futuras gerações “pagarem”.

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