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Publicado: Quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Produção Ind., Taxa de Juros, Câmbio & Inflação

Em agosto de 2011, de acordo com o IBGE, o índice da produção industrial registrou variação negativa de 0,2% em relação ao mês anterior. Na comparação com igual período do ano passado os índices da indústria foram positivos: 1,8% em agosto de 2011, resultado mais elevado desde maio último (2,5%), e 1,4% no acumulado do período janeiro-agosto de 2011. A taxa anualizada, índice acumulado nos últimos doze meses, manteve a trajetória descendente iniciada em outubro de 2010 (11,8%), ao passar de 2,9% em julho para 2,3% em agosto.

O setor industrial permaneceu em agosto com o quadro de menor ritmo produtivo observado nos últimos meses, expresso não só na variação negativa de 0,2% frente ao patamar do mês anterior, mas também no ligeiro acréscimo assinalado em julho (0,3%). Na análise dos índices por quadrimestres, a produção industrial cresce há seis períodos consecutivos, mas com clara diminuição no ritmo de crescimento, ao assinalar expansão de 1,6% nos quatro primeiros meses de 2011 e 1,2% no período maio-agosto, após registrar 18,0% no primeiro quadrimestre do ano passado, 10,7% no segundo e 4,1% no último, todas as comparações contra igual período do ano anterior.

Na formação da taxa de -0,2% observada na passagem de julho para agosto, 11 das 27 atividades pesquisadas apontaram redução na produção, com o principal impacto negativo sobre a média global vindo do setor de alimentos (-4,6%). Vale destacar também as pressões negativas registradas por edição e impressão (-7,8%), que devolveu parte dos 15,8% assinalados em julho último, material eletrônico, aparelhos e equipamentos de comunicações (-5,9%), outros produtos químicos (-1,6%), borracha e plástico (-2,4%) emáquinas, aparelhos e materiais elétricos (-3,2%). Por outro lado, entre os 16 ramos que ampliaram a produção, as influências mais relevantes sobre o total da indústria foram observadas nos setores de máquinas e equipamentos (3,0%), fumo (38,3%), impulsionado em grande parte pelo prolongamento da safra, veículos automotores (1,0%), farmacêutica (2,4%), perfumaria, sabões e produtos de limpeza (4,7%) e celulose e papel (1,5%).

Entre as categorias de uso, ainda na comparação com o mês imediatamente anterior, bens de consumo duráveis (-2,9%) apontou a queda mais acentuada em agosto de 2011, eliminando o crescimento de 2,6% registrado em julho último. Os segmentos de bens de consumo semi e não duráveis (-0,9%) e de bens intermediários (-0,2%) também mostraram índices negativos, com o primeiro devolvendo parte dos 3,2% assinalados em julho, e o segundo acumulando perda de 2,4% nos últimos três meses de queda na produção. O setor produtor de bens de capital, ao avançar 0,9%, foi o único que registrou expansão na produção nesse mês, após crescimento de 2,0% no mês anterior.

Ademais, os ajustes feitos pelo mercado na última semana concentraram-se na taxa de juros e na taxa de câmbio, dentre outras pequenas alterações nas projeções para as principais variáveis macroeconômicas, conforme apontado no último Relatório Focus. A projeção para o IPCA deste ano ficou estável em 6,52%, após seguidas elevações, enquanto as expectativas para 2012 seguiram sua trajetória de alta das últimas semanas, subindo discretamente de 5,52% para 5,53%. As expectativas de crescimento do PIB de 2011 e 2012 ficaram inalteradas em 3,51% e 3,70%, respectivamente. As projeções para a taxa de câmbio, por sua vez, mostraram elevação de R$/US$ 1,68 para R$/US$ 1,73 para o final de 2011 e de R$/US$ 1,68 para R$/US$ 1,70, para o final de 2012. Por fim, as expectativas para a taxa Selic em 2011 foram mantidas em 11,00%; as de 2012 passaram para um novo ajuste de baixa, saindo de 10,75% para 10,50%.

O relatório trimestral de inflação divulgado pelo Banco Central nesta semana fornece um conjunto de explicações para o fato de o Copom ter cortado a taxa de juros ao final de agosto mesmo com a inflação acumulada em 12 meses tendo se elevado de 6,87% em julho para 7,23% naquele mês. As duas principais explicações são o agravamento do cenário externo e a perda de dinamismo da economia brasileira associada ao aperto de política econômica desde o final de 2010.

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