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Publicado: Quarta-feira, 27 de julho de 2005

Procura-se uma Família...

"Os filhos são a primavera da família e da sociedade."

"O mundo que Deus nos deu é mais do que suficiente, segundo os cientistas e pesquisadores, para todos; existe riqueza mais que de sobra para todos. É só uma questão de reparti-la bem, sem egoísmo. O aborto pode ser combatido mediante a adoção. Quem não quiser as crianças que vão nascer, que as dê a mim. Não rejeitarei uma só delas. Encontrarei pais para elas." (Madre Teresa de Calcutá)

Tempos modernos! Uma sociedade em (R)evolução! Revolução de muitos avanços na tecnologia, nas ciências; revolução com muita desordem e degeneração na tradição e nos costumes.

Numa sociedade liberal, permissiva, descompromissada e descartável, era de se esperar uma revolução dos termos e de seus significados. "Liberdade sexual", "aventuras extra-conjugais", "ficar"... Haja eufemismos...

Sem querer agredir a liberdade e os direitos que cada um tem sobre sua vida, sobre seu modo de viver - é claro que respeitando os dos outros - cabe aqui uma pergunta: afinal, a quantas andam os significados de: infidelidade, adultério, promiscuidade, prostituição? Qual a extensão do significado de "ficar"?

Família tem sua definição, seu significado consagrado na tradição histórica e também no direito, na Igreja, na política e até no dicionário. No entanto, o vocábulo vem sofrendo agressões que, aliás, acabam comprometendo a instituição família. Fala-se hoje em "famílias" significando uma pluralidade de tipos ou modalidades de famílias - quase sempre baseadas no provisório -, diminuindo sua dignidade e o respeito que lhe devemos. Em lugar de casal, de esposo e esposa, é comum o uso de termos como parceiros, companheiros, o que se adapta bem às uniões consensuais ou mesmo homossexuais. Assim, qualquer união passaria a representar uma família. Quem tem a coragem de falar em "casamento de homossexuais" não vai ter nenhum escrúpulo quanto à expressão "família de homossexuais". Seria bom dizer que a expressão "Família Cristã" está reservada para as uniões fundamentadas no Sacramento do Matrimônio.

Tudo deveria ser feito para dar à família seus direitos, seus valores, sua dignidade. Quando falamos Família estamos nos referindo ao seu significado mais profundo e verdadeiro, original, antigo, histórico, a Família que está ameaçada e que se torna cada dia mais escassa. Há muita gente sem família. Há muita gente precisando de uma família; ela é fundamental e insubstituível na vida das pessoas. Também é fundamental para a sociedade, embora alguns tentem fazer de conta que não.

Procuram-se famílias, famílias verdadeiras, homem e mulher, pai e mãe, constituídas segundo a tradição natural. Todos queremos uma família, todos precisamos de uma boa família. O próprio Deus quis ter uma família humana para seu Filho.

Vale citar aqui um trecho da música "Utopia" do Pe. Zezinho: "Correu o tempo e hoje eu vejo a maravilha de se ter uma família quando tantos não a têm..." Na "Oração da Família" ele recomenda: "Que nenhuma família comece em qualquer de repente." E acrescentamos: tudo seria muito diferente se todos os filhos fossem sempre frutos de um amor verdadeiro!

Sem querer desrespeitar ninguém, não poderia deixar de mencionar os exageros - e até excentricidades - daqueles que chegam a adotar ou assumir cachorros e gatos como "verdadeiros filhos", inclusive com direito a herança e tudo o mais. Direitos humanos... direitos dos animais...é preciso respeitá-los. É preciso respeitar as liberdades, mas não podemos perder de vista a verdade e esta garante que nada poderá estreitar o grande abismo que separa um ser humano de um animal.

Procura-se uma família! Não obstante a queda da natalidade, sobram os necessitados: indesejados, rejeitados, abandonados... Falando em abandonados, seria maior o número de cães e gatos abandonados ou de crianças? O que é mais fácil: encontrar uma família para uma criança ou para um desses bichinhos de estimação? É preciso rever nossos padrões, nossos modelos, nossas tendências modernas.

Lembramos aqui as palavras de João Paulo II - na Carta às Famílias: "Quando falta a família logo à chegada da pessoa ao mundo, acaba por criar-se uma inquietante e dolorosa carência que pesará depois sobre toda a vida." Imaginemos, por um momento, os embriões, quer na frieza dos tubos de ensaio, quer no calor do útero materno, sonhando com a hora de vir à luz, de fazer parte do mundo dos vivos, de ser integrado a sua família. Mas que família? Terá ele um pai, irmãos? Se tiver seu sagrado "direito de nascer" respeitado, restará ainda o fantasma do abandono: numa casa de adoção, num orfanato...

E os órfãos de pais vivos? São inúmeros, vítimas das paixões fugazes, do sexo livre e irresponsável, das uniões provisórias, das famílias desfeitas, das separações que se avolumam dia a dia; crianças abandonadas que teriam direito à proteção e ao carinho de um lar, por ora apenas "candidatos".... Somem-se a esses os "abandonados e descuidados" dentro das famílias, junto dos pais, porque não têm atenção nem carinho, porque falta tempo para eles; são tantos os afazeres, os compromissos, as necessidades, os próprios interesses... Continuam esperando por uma família, por um pai e uma mãe mais amigos... porque precisam deles; saberemos mais tarde o quanto!

Continuarão esperando, até que haja família para todos, até que entendamos a grande responsabilidade do ambiente familiar na educação e na formação dos filhos, até que consigamos viver uma maternidade e uma paternidade verdadeiramente responsáveis.

Abandono é abandono, não importam as condições, os disfarces, as desculpas e mesmo as compensações. Tem sempre um preço muito alto pago pelos adultos e pela sociedade além dos sofrimentos das crianças, adolescentes e jovens. O assunto é por demais crítico e complicado e precisa de tratamento urgente. Vale a pena prestar atenção nas conseqüências desse abandono que reina em nossos dias.

Por que tudo isso? Porque crescem as condições e os padrões de vida que favorecem essa ferida social; são cada dia mais numerosas as "famílias" monoparentais, na grande maioria só de mãe: solteiras, vítimas de uma sociedade brutalmente sexualizada, erotizada e permissiva, ou de uma liberdade sexual ruidosamente

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