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Publicado: Quinta-feira, 5 de maio de 2011

Primeira segunda de Maio

 

Caso interessante e específico este, de que a segunda, seja na verdade a primeira.

E que ninguém a desminta, eis que o maio de 2011 inaugurou-se mesmo num domingo. Veio a segunda-feira, a primeira no entanto. Certo?

Antes de mais nada, um enorme abraço aos que mourejam e aos que o fizeram anteriormente, na manutenção do ato quase heróico de trazer o jornal A Federação, também neste mês, aos seus 106 anos de edição ininterrupta. Pouco celebrado e reconhecido da população em geral, mas dos mais acentuados e significativos feitos na histórica e quatrocentona Itu. Agora digitalizado, uma fonte segura e perene a quem queira saber algo sobre esta cidade.

Ainda, de passagem, referentente a maio que se abre, note-se como o Dia do Trabalhdor murchou. Festa mesmo, a dos tempos dos tradicionais piqueniques da São Pedro, Maria Cândida e Fábrica São Luís. Confraternização verdadeira entre patrões e empregados.

Além dos tons suaves de maio, claro que ele é assim porque também comemorado como o mês de Maria. Saudação à Virgem, ampliada a todas as Marias. Entre elas, as três queridas filhas : Maria Paula, Maria Fernanda, Maria Betânia.

E agora, após essa introdução, a prosa para hoje.

Olho pela vidraça do restaurante, ao estilo de vitrine, e vejo a placa do outro lado da calçada: rua Iguatemi, quase a desembocar na Faria Lima. A mesma placa configura a  extensão do quarteirão, do número 353 a 485. O chuvisco manhoso de cedo, já parou. Passantes, no vai-e-vem típico da megalópole. Onze e trinta, cedo para almoçar. Aproveita-se contudo da mesa para, por ora, redigir esta peça despretensiosa e ainda sem rumo.

Discorrer sobre qual assunto?

Algumas moças, nas mesas de trás, palreiam futilidades, em  voz entusiasmada e algo elevada. É atualizar entre elas, as novidades do final de semana. Parecem animadas a despeito da segunda-feira nebulosa, segundo dia de maio, a notícia do fim de Bin Laden a correr mundo. De fato, o sol ainda não se mostrou.

Mas, tal e qual quando se trata, em meu caso, de dormir ou descansar, em que pouco importa se bulha existe em volta, nem mesmo luz acesa me incomoda, passa batido o reflexo daquele papo solto e animado. Enquanto isso a matéria, aqui, prossegue sem saltos ou interferências. Já quase a metade do tamanho que em média assumem as crônicas. Aliás, este canto derradeiro do jornal, é das intimidades mais caras que este articulista guarda de si para consigo, para depois distribuir a quem o queira. Datada a coluna Última Página de 1990, foi interceptada certa feita e agora volta, desde o recente janeiro, por convite, obra e graça da atual diretoria, a quem deixo a penhora da minha gratidão.

Fluem entao os conceitos, ao sabor das idéias e estas muitas vezes de inopino, como agora. Nessas circunstâncias, o coração fala por primeiro.

Carrego de mamãe – que saudade daquela senhora vigorosa, italiana, decidida e sonhadora – o costume de não fazer ninguém esperar, uma vez assumido um compromisso. Em viagens inclusive, chegava ela muito antes do trem, na época, meio habitual de locomoção. Nessas ocasiões havia percursos de três ou quatro horas com baldeação e tudo, pois eram “longínquos” os destinos: em geral, Capivari, Campinas ou São Paulo.

A gentil atendente da casa interrompe a minha absorção para avisar que os pratos já estavam postos, mas que ficasse à vontade para continuar a escrever. Sistema de auto atendimento – uma quebra nos hábitos alimentares dos brasileiros – não era tanto pelo apetite e apenas por decorrência quase impensada de que o almoço é sagrado, que acabei por ter uma refeição próxima da frugal.

O papel toalha, que serviu para este apanhado a bico de esferográfica, viera de outro local. Neste, extremamente simpático e aconchegante, a toalha de mesa é substituída por um aparo de plástico, daqueles furadinhos, e bem limpo. Na cor de um verde acentuado, bem na tonalidade palmeirense que, de braós dados com os tricolores, afogam as mágoas, uma vez alijados da final do paulista de 2011.

Bem, amigos todos, a tarefa está cumprida e a tomem juntamente com o autor, como se fora um ligeiro almoço servido a dois ocupantes na mesma mesa pequena e rotunda.

Pequena, mas na qual cabem dois.

O prezado leitor e o cronista.

Esteja à vontade, pois, amigo ou amiga.

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