Presente e futuro preocupantes
Com meus 78 anos de vida, posso comparar o Brasil de hoje com o da década de 1940 ou 1950. Sem dúvida avançamos muito tecnologicamente. Deixamos de ser um país majoritariamente rural e nos tornamos uma nação até certo ponto moderna, industrializada e urbanizada. Temos alguma liderança continental atualmente e somos a décima segunda economia mundial, se estou bem informado.
Permito-me destacar que acabamos regredindo em muitas questões, principalmente na coesão familiar, na unidade religiosa, na honestidade, na desonestidade e na insegurança. Convenhamos que são importantes pontos perdidos, pois a família continua sendo a “célula mater”, o fundamento de uma sociedade estável e forte. A unidade religiosa, quando não há radicalismos mas convivência da maioria com as minorias religiosas, é um fator de unidade nacional, bem mais até que a língua e a história. A honestidade, a segurança, o emprego com um salário justo, são bens irrenunciáveis em qualquer povo e tempo.
Lamentavelmente, estão aí enumerados os pontos em que todos saímos perdendo. Outra era a situação antes de 1950. Havia da parte dos jovens uma grande seriedade em sua opção matrimonial. Praticamente não se viam casos de concubinato e de adolescentes grávidas. O casamento civil e religioso precediam o início da vida conjugal. Existiam muitos sonhos, mais felicidade e estabilidade em nossos lares. Os casais estavam abertos ao dom da vida dos filhos, dando um sentido menos egoísta à vida das famílias.
Hoje vivemos uma situação de verdadeira subversão do comportamento dos casais. São muitos os jovens vivendo maritalmente, especialmente quando universitários. A liberação da mulher com o advento dos contraceptivos, pílulas e preservativos, levou a uma libertinagem. Tudo é permitido “quando há amor”, dizem os programas de televisão, principalmente em novelas desagregadoras dos mais sagrados valores do casamento e da família cristã, firmada no amor, na fidelidade, na geração e educação dos filhos. Nas últimas décadas cães e gatos passaram a ser tão ou mais importantes que os filhos!
A desagregação da família, a decadência dos costumes domésticos, é tal que alguns já começam a colocar em dúvida a própria sobrevivência da família que, desde o princípio da história humana, acompanha a vida de todos os povos, mesmo dos mais primitivos. Desconhece-se em qualquer tempo e lugar um povo vivendo em completa promiscuidade. Acabaram prevalecendo por toda a parte o casamento por livre escolha dos nubentes, a família monogâmica, estável e fecunda. Era o que correspondia aos apelos mais profundos da natureza do homem e da mulher.
Já na década de 1970 escrevia eu em artigos semanais, sem pretensões de ser profeta, que o divórcio seria extremamente antipedagógico. Pensando em uma possível separação e na possibilidade de outros casamentos, rapazes e moças se acasalariam sem maiores compromissos. Deu no que deu: uma impressionante irresponsabilidade na mais importante opção de suas vidas: constituir ou não uma família sólida, perene e fecunda.
Mais adiante refletirei sobre os outros três pontos em que as mudanças foram para pior: a perda da unidade religiosa e a insegurança que hoje não nos garante poder retornar vivos para as nossas próprias casas. Vivemos uma babel de grupos religiosos que se multiplicam a cada dia. E não sei se existe país com índice de corrupção e insegurança maior do que a existente entre nós.