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Publicado: Sexta-feira, 27 de junho de 2008

Presença do Medo

Incrível! Essa palavra medo que há três ou quatro décadas, parecia existir só na ficção, em algumas histórias folclóricas e filmes de Frankenstein, de vampiros, policiais e faroeste, interagiu para a realidade social.
 
Pode ser que o medo ainda não tenha se incorporado na população das cidades interioranas, mas nas capitais e grandes núcleos urbanos o temor se encontra presente na vida cotidiana. Pena! Pois era tão gostoso viver despreocupado quanto a isso, cuidando apenas dos problemas e dificuldades a vencer.
 
Hoje, naqueles grandes centros urbanos, todo mundo se acautela e se apressa, deixando de freqüentar muitos lugares e participar de inúmeras atividades porque o medo está presente. Não podemos ser tão beatos a ponto de afirmar que Deus nos protegerá de tudo e, ao mesmo tempo, andar por bairros e locais ermos, em ruas freqüentadas por marginais, sobretudo em horários tardios.
 
O ideal seria que todos andassem armados e pudessem reagir, caso necessário (mas aí estaríamos regredindo ao tempo do faroeste), de maneira que estamos com um grande abacaxi para descascar. Implantada efetivamente a civilização cristã, tudo seria maravilhoso.
 
Aconteceu que, como nos relata a história e nos dias de hoje testemunhamos, houve uma degringolada total, com acentuado domínio de tudo que é mau. A tecnologia, constantemente aperfeiçoada pelo homem, é utilizada cada vez mais para o mal, com todas as denominações utilizadas no superlativo.
 
Assim o cinema que poderia nos enobrecer com películas educativas e exemplares, descambou para a permissividade, filmando todos os vícios e deletérios comportamentos humanos. O teatro e a televisão seguiram os seus passos. Diz-se que o grande Santos Dumont, quando previu que a sua estupenda invenção serviria para matar seus irmãos terráqueos em bombardeios, suicidou-se.
 
A colossal e imprescindível máquina moderna, o computador, também sofre a influência do mal, não só com a pornografia e a facilitação para se cometerem crimes inimagináveis, com também com a criação do pirata cibernético, os terríveis hackers, carregado de vírus perturbadores...
 
Antigamente não tínhamos medo de sair à noite ou de madrugada, alugar casa ou apartamento em praia ou montanha, permanecer sozinhos em chácaras retiradas etc. Hoje, quem se arrisca ir, para local isolado, sem acompanhantes?
 
Há gente esfregando as mãos de feliz, pois muitos se sentem bem ou consideram um castigo divino, ver a classe social melhor situada se encontrar com as barbas de molho, passando por essas privações e provações. Mas, convenhamos, tal atitude não é cristã, pois temos de amar ao próximo, ao menos de forma passiva, não lhe desejando mal algum.
 
Quando será que espantaremos o medo de nossas vidas? Temos um longo caminho a percorrer, pois o medo decorre desse estado de violência que se impregnou na sociedade e que não vai ser fácil extirpar. Daí a nossa insistência em subjugá-la, assunto que rotineiramente estamos a abordar. Não será vã a nossa insistência no tema?
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