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Publicado: Quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Por que Carnaval Tão Cedo?

A pergunta é freqüente. Por que a realização do carnaval não tem data fixa? Levados pela desinformação religiosa, há até mesmo os que pensam ser a quarta-feira de cinzas estabelecida nos calendários para depois da festa do momo. Na verdade, o que se dá é exatamente o contrário.
 
Embora o carnaval não seja uma festa eclesial, tudo está relacionado com a celebração cristã da Páscoa. Tratando-se de uma solenidade móvel no calendário litúrgico, a Páscoa acontece a cada ano em data diferente, como a celebração mais importante. Dela dependerá toda a liturgia anual.
 
Seguindo o costume hebreu de celebrar a libertação da escravidão do Egito no primeiro plenilúnio da primavera, também os cristãos celebram sua Páscoa, a verdadeira libertação do poder opressor do pecado, com a paixão, morte e ressurreição de Cristo, na primeira lua cheia depois do equinócio da primavera do hemisfério norte, outono no hemisfério sul, ou seja, após o dia 20 de março. A palavra equinócio tem origem no latim e significa "noites iguais", referindo-se às duas únicas vezes no ano que o dia e a noite são exatamente da mesma dimensão, ou seja, cada um tem exatamente 12 horas.
 
Da data da Páscoa que, como vemos, é determinada mais pelos astros que pela mão humana, se  contarão os quarenta dias que a precedem para se estabelecer a quarta-feira de cinzas. Aqui cessa a intervenção da Igreja. Os interessados em festejar os três últimos dias que antecedem o período de penitência e recolhimento quaresmal, é que marcarão os festejos carnavalescos.
 
Quanto à origem do carnaval, há certas controvérsias. Embora alguns desejem ver suas raízes na idade antiga, na era pagã, nas festas baqueanas dos romanos ou dionísias dos gregos, o mais aceitável é que seus primórdios se fixem na idade média, quando os rigores do jejum e da abstinência de carne durante a quaresma tenham gerado o costume de se promover festas de alegria espontânea, descontração e comilanças nos dias precedentes da entrada do circunspeto tempo litúrgico. No caso, a origem etimológica da palavra “carnaval” seria “carne levare”, que significa, afastar a carne. (No latim: caro/nis = carne e vale = adeus).
 
O carnaval não é celebrado em todo o mundo e suas manifestações variam geograficamente. O carnaval brasileiro tem origem na festa portuguesa, com traços comuns com o carnaval francês, mas recebeu expressivas características da miscigenação, sobretudo com a cultura afro-descendente. Os modelos carnavalescos do Rio de Janeiro, de São Paulo e da Bahia têm hoje forte influência em grande parte do território nacional, mas são muitas as formas diferenciadas de se praticar os festejos em  cidades do interior.
 
Observa-se que pouco a pouco a festa foi se descaracterizando em muitas regiões, onde antes se realizavam brincadeiras inocentes sem nenhuma conotação de abusos morais como se percebe hoje. Infelizmente, na atualidade as festas carnavalescas se tornaram, em grande parte, um verdadeiro perigo para a moral familiar e para a saúde pública, com uso excessivo de bebidas alcoólicas, drogas e práticas abusivas do sexo. A distribuição indiscriminada, por parte do Governo, de preservativos e de pílulas anticoncepcionais, inclusive as “do dia seguinte” abortivas, além de não resolver o problema, o agravam, pois funcionam como um incentivo à promiscuidade e é entendida, quase sempre, como um “liberou geral”.
 
Porém os meios de comunicação têm informado uma nova tendência verificada nos últimos anos, que mostra quantas pessoas, cônscias dos referidos perigos, preferem se afastar para lugares sossegados à busca de um saudável descanso. Mais louvável ainda é a crescente iniciativa de se promoverem nestes dias, ocasiões de meditação, reflexão e oração, sejam por parte da Igreja católica, sejam ainda de outros credos.
 
A diversão, a alegria, a descontração, o sair da rotina, tudo é permitido e pode ser bom, mas sem dúvida, é indispensável que prevaleça o cuidado com a saúde física, moral e espiritual.
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