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Publicado: Segunda-feira, 13 de junho de 2005

Plante um livro, escreva um filho e tenha uma árvore

Durante toda a minha vida ouvi dizer que para o ser humano sentir-se plenamente realizado, bastava realizar três coisas: Escrever um livro, ter um filho e plantar uma árvore. Considerando que minha cabeça vive povoada pelos mais distintos pensamentos, certo dia me flagrei refletindo sobre o assunto.

Em determinada ocasião ouvi um forte argumento contra os grupos que defendem a preservação do verde. Dizia a pessoa que em países industrializados (considerados como “Países de primeiro mundo”) vê-se muitas indústrias, fábricas... e quase nada de mata. A conclusão desse raciocínio quase absurdo apontava que, apesar de São Paulo ser o Estado mais produtor e promissor do Brasil, ao ir de Itu para uma cidade como Campinas, por exemplo, percebe-se que o cenário ao lado da rodovia é composto por uma grande parcela de verde e quase nenhuma de “cinza”. Em outras palavras, dizia essa pessoa que enquanto há verde não há progresso. Mesmo assim, eu acho que preservar e manter o nosso verde é de extrema prioridade! E penso que plantar uma árvore é um grande passo para o Homem. Aprende-se que uma pequenina e frágil muda, se bem cuidada, torna-se uma bela e frondosa árvore. Ora! E não é exatamente isso que acontece com as pessoas que aparecem em nossas vidas?

O autor de livros maravilhosos como “Cem Anos de Solidão”, “Amor nos Tempos do Cólera” e “Crônica de uma Morte Anunciada”, Gabriel Garcia Márques, declarou que todo grande escritor tem sempre como primeira idéia para um romance, a história de sua própria vida. E quem já leu alguma de suas histórias, ficará admirado ao constatar que seus relatos publicados em geniais edições são, de fato, baseados em sua própria vida. (E ele mesmo revela isso em sua biografia “Viver para Contar”). Eu escrevi três livros. O primeiro quando tinha 14 anos. Sinceramente, acho que a fantasia acabou saindo melhor que a realidade...! Ora! Não dizem por aí que sonhar não faz mal a ninguém?

Escolhi ser jornalista porque me identifiquei com a profissão - mas não sou hipócrita e me sinto na obrigação e no dever de informar que meu sonho de ensinar não está descartado! Digo isso porque sou uma assumida admiradora das pessoas que têm o dom de ensinar. Sempre gostei daqueles que se dedicam à arte de passar conhecimento adiante. Os professores, na minha opinião, são seres abençoados e iluminados (Mas me refiro somente àqueles que sentem, de fato, amor à profissão!). Ora! E ter filhos não é exatamente isso?

Às vezes percebo que estou listando em minha mente uma série de histórias fantasiosas e fantásticas que servirão como teoria para perguntas que sei que a Gabi, minha filha de dois anos e três meses um dia vai fazer... Parece loucura mas confesso que é extremamente prazeroso!

O que eu realmente quero passar com tudo isso, é que existe certa lógica quando dizem que para se sentir “plenamente realizado”, devemos plantar uma árvore, ter um filho e escrever um livro. Mas o gostoso da vida é justamente o fato de sermos pessoas diferentes. Semelhantes... mas diferentes! A minha receita para a felicidade pode não dar certo pra você. Mas o importante é se sentir bem, certo?!Eu vou plantar meu livro. Vou escrever sobre minha filha. Vou ter a minha árvore. Ou escreverei sobre uma boa leitura... sobre um almoço em família...sobre a árvore da minha infância. Ou não!

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