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Publicado: Sexta-feira, 25 de maio de 2012

Pesadelo 2. - O retorno

Crédito: Google Imagens Pesadelo 2. - O retorno

Por absoluta falta de opções, comi novamente salsicha no jantar de ontem, porque foi o que sobrou do almoço. Resultado: tive outro pesadelo.

Sonhei novamente que vivia num país, mas não sei bem qual. Era um país muito rico, pois quase todos recebiam benesses do governo. Era até bem dividido, pois uma grande maioria recebia pequenas benesses, e uma pequena maioria recebia grandes benesses.

As pequenas benesses ficavam para aqueles que queriam fazer sexo e ganhavam camisinhas, ou para aqueles que já tinham feito sexo sem camisinhas e recebiam a pílula do dia seguinte, ou ainda para aqueles que não usaram a camisinha, nem a pílula do dia seguinte, e ganhavam então uma Bolsa Família. Tinha ainda a Bolsa Desemprego e até uma Bolsa Invasão para os que não tinham terra.

E tinha ainda muito mais: o vale leite, o vale gás, o vale refeição e o vale transporte. Todas pequenas benesses.

Até aí o sonho até que foi bem. O pesadelo começou quando vi as benesses das pessoas que administravam o país. Todas grandes benesses. Foi necessário criar um monte de impostos para alguns pagarem. Os impostos eram exorbitantes, e alguns eram descontados diretamente dos salários. Criou-se impostos sobre tudo, até para o feijão, arroz, pão, afinal as benesses tinham que ser pagas de qualquer forma.

País estranho aquele. Mesmo com pessoas trabalhando longas jornadas e uma quantidade enorme de impostos, aparentemente faltava dinheiro para pagar os salários de professores, para reformar as escolas, criar mais leitos nos hospitais, reparar as estradas. Mas para pagar as benesses dos governantes, que eram todas grandes, nunca faltava.

O pesadelo piorou quando conheci as pessoas que governavam o país. Todos viviam encastelados em bonitos escritórios, carrões e motoristas, chegaram a construir uma cidade exclusiva para eles, com milhares de apartamentos funcionais onde os governantes moravam sem pagar nada, todos recebiam altos salários, grandes monumentos foram construídos para enfeitar a cidade e até um lago artificial que mais parecia um oceano foi construído. A cidade ficava bem longe de tudo, por isso eles viviam em aeronaves prá cima e prá baixo. O mais assustador é que alguns destes governantes não sabiam sequer escrever, e muitos estavam sendo processados por roubos, fraudes e desvios. Como é possível governar um país deste jeito? Ainda bem que são coisas de pesadelo.

E tem mais, resolveram de uma hora prá outra patrocinar uma Copa do Mundo de Futebol e uma Olimpíada, e tudo o que mais aparecer.

País estranho esse, muito estranho. Não seria muito melhor para todos, construir novas escolas, completas, com computadores e professores bem pagos, hospitais e novas estradas que as pessoas usam todo dia, do que gastar um dinheirão na construção de estádios de futebol para a Copa do Mundo que serão utilizados apenas uma vez na vida?

Afinal, acordei. Felizmente são coisas de um pesadelo.

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