Paradoxal

Gosto de bebidas – não nas quantidades que terminam em estupor. Prefiro as doses que arrebatam o espírito, e o libertam nas conversas de alma.
Não falo mal dos outros, repercuto boatos ou fomento intrigas. Espalho discórdias com a língua ferina.
Amo o silêncio das madrugadas quentes ou geladas e, também, o vai-e-vem das gentes nas ruas e comércios, que passam como num filme.
Aprecio o inusitado, mas repito diariamente os rituais sagrados do café da manhã e das caminhadas nas beiras dos córregos, rios e onde mais houver natureza.
Sou Maria ou João. Pai ou mãe. Às vezes, tudo junto.
Inscrevo no corpo ideologias sob a forma de tatuagens, e me calo diante das platéias.
Tenho sonhos ou pesadelos – o desafio é a medida do meio.
Possuo muitos rostos e vidas, que somados são sempre um só.
Sou planta de raízes aéreas, que se fixa em diversos lugares e em lugar algum.
Leio nas entrelinhas das aparentes contradições das fés, o mesmo Princípio imutável.
Aprendo.
Estou apenas de passagem.