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Publicado: Terça-feira, 23 de abril de 2002

Para que time você torce?

Cada torcedor é um cliente fiel em potencial. Nenhum outro consumidor é tão fiel a uma "marca" como um torcedor corintiano (exemplo ilustrativo, que não indica qualquer preferência por parte da autora do artigo!).
   
   Esta fidelidade se reflete em todos os campos. Você já viu algum torcedor mudar de time?
   
   Este comportamento fiel independe de classe social e nível cultural. Reflete-se desde o motorista de ônibus que coloca a camiseta do time de coração embaixo do uniforme da empresa, até o grande diretor de empresa multinacional, que, discretamente, utiliza um bloco de papel para recados ostentando a "bandeira" do seu time.
   
   Neste aspecto, é importante ressaltar o respeito ao consumidor.
   
   Sim, o torcedor é consumidor à luz do Código de Defesa do Consumidor (Lei nº 8078, de 11 de setembro de 1990). E merece o amparo e o respeito que a lei lhe concede como qualquer outro consumidor, definido no mesmo Código, em seu artigo 2º, como "toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final". Desta forma, como consumidor o torcedor espera (e deve ver) competições disputadas com seriedade, sem qualque tipo de "fabricação de resultado", boas instalações nos estádios (notadamente segurança), bem como produtos e serviços que expressem aquilo que ele almeja quando de sua aquisição.
   
   Neste sentido, quando da queda do alambrado no Estádio de São Januário, em 2000, na final da Copa João Havelange, no jogo Vasco da Gama versus São Caetano, inúmeros torcedores sofreram graves danos físicos e morais. E vêm sendo socorridos pela Justiça carioca, que, com muita sapiência, aplica o Código de Defesa do Consumidor. O Vasco da Gama vem sendo condenado ao pagamento de indenizações por danos morais e materiais.
   
   Reafirmando, ainda, a posição do prof. Celso Grellet retro exposta, o ilustre Juiz do Segundo Juizado Especial Cível da Comarca do Rio de Janeiro, Dr. Cleber Ghelfenstein, afirmou que o "lamentável episódio é decorrência do amadorismo dos dirigentes de futebol, aliada a ganância pelos lucros, mesmo que às custas do sofrimentos dos torcedores" .
   
   Por fim, podemos concluir que é necessário aqueles que trabalham com o mercado dos esportes, notadamente o futebol, a conscientização de que o torcedor é o consumidor do produto a ser vendido, qual seja, os jogos e os campeonatos em que o time está envolvido. E, para este consumidor ser tratado com seriedade é necessário a profissionalização do esporte, sem o paternalismo aos "bolsos"dos dirigentes dos clubes. Há um grande mercado em expansão e, por isso, os cursos de administração e marketing do esporte estão sendo tão procurados, formando profissionais que anseiam por um grande mercado.
   
   (artigo publicado na revista Trevisan-março/02)
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