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Publicado: Quarta-feira, 29 de abril de 2015

Par Perfeito

Par Perfeito
Domínio Público

De vez em quando ele aparecia na janela, sempre com o mesmo cumprimento.

- Oi, gata.

- Oi, flor – respondia ela, timidamente.

- O que anda fazendo? – Perguntava ele.

Ela contava das correções das provas de vestibulares e concursos. Falava de viagens e de lugares que ele não conhecia.

Ele fazia comentários bem humorados.

- Tô zen, dizia.

- Tá sossegado, né?

- Não. Tô “zem” vontade de fazer qualquer coisa.

Ela gargalhava, feliz.

- E o trabalho? - Indagava a moça.

- Vai mal. O momento é difícil. Muita pressão pra bater as metas.

- O que acontece? – Afligia-se ela.

- Não se preocupe. Ainda falta um tempo pra acabar o mês e vou chegar lá – acalmava ele, já se despedindo.

Ela não reclamava. A pequena janela aberta na tela do computador trazia vida para ela, paciente terminal.

Ele jamais saberia.

Ela também não. Nem por um segundo poderia imaginar que “flor” estava bem ali, ao alcance de um olhar.

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