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Publicado: Sábado, 12 de abril de 2008

Ovelhas, Portas e Currais

Não era à toa que os discípulos demoravam a compreender o significado das palavras de Jesus. Catequista por excelência, Nosso Senhor utilizava elementos muito familiares ao povo para falar do Reino. Nunca antes se ouvira um profeta falar daquele jeito, com linguagem tão diferente, simbolismos tão ricos e ao mesmo tempo fáceis de compreender.
 
Assim, os discípulos não eram acometidos de falta de inteligência, mas simplesmente de falta de costume. Sempre pediriam ao Mestre que lhes explicasse os significados de suas pregações. E Jesus, pacientemente, esclareceria tudo com a maior boa-vontade, aproveitando para concluir esplendidamente o seu ensinamento.
 
Foi assim quando Jesus usou a figura do pastor e suas ovelhas. O que era aquilo de misturar pregação com rebanhos, profecia com apriscos? Como os discípulos de ontem, muitos de nós também não compreendem totalmente o que Cristo quis dizer. Convido todos a nos aprofundarmos nessa comparação tão bonita que Jesus faz sobre o seu papel de Mestre e a nossa missão de seguidores do Filho de Deus.
 
Cada um de nós é uma das ovelhas do enorme rebanho cristão. Veja uma ovelha solitária e encontrará um animal frágil. Mas repare em um grande rebanho, pastando numa colina, para sentir a força de sua coletividade. Assim também é na Igreja, com o rebanho de Deus. Sozinhos, pouco podemos fazer: somos frágeis. Mas juntos, somos capazes de grandes feitos e realizações, em nome de Jesus.
 
O curral das ovelhas é como a Igreja em geral ou a nossa própria comunidade. É o lugar onde as ovelhas vivem, é o lugar onde os fiéis atuam. Ali se dão os acontecimentos que irão afetar a todos, exigindo as soluções e providências necessárias para que permaneçam unidos.
O curral é cercado por muros. Mas não são muros construídos com o sentido de aprisionar. Ao contrário, como explica o próprio Jesus, cada ovelha pode entrar e sair livremente, sempre encontrando abrigo e comida. Tais muros foram erguidos pelo próprio pastor a fim de proteger o seu rebanho. São como os mandamentos da lei de Deus: a princípio, podem parecer regras que nos aprisionam, mas na verdade são medidas que nos protegem e mantêm sempre em consonância com a vontade divina.
 
O pastor é a figura do próprio Cristo, que conhece cada ovelha pelo nome nem que sejam milhões delas. Por sua vez, as ovelhas reconhecem sua voz. É o pastor que as guia diariamente para fora do curral, como Jesus a nos levar diariamente a vencer os desafios exteriores que o mundo nos apresenta. O pastor sempre vai à frente das ovelhas, não se esconde atrás delas. Esta é a certeza que temos de que Cristo também caminha sempre diante de nós, preparando o nosso caminho.
 
Infelizmente, também existe a figura do ladrão. Este pula os muros e invade o curral das ovelhas. Seu objetivo é matar e destruir. É se aproveitar do rebanho em benefício próprio. É o verdadeiro “lobo em pele de cordeiro”, que tenta se passar pelo verdadeiro Pastor. Entretanto, cedo ou tarde sua verdadeira natureza é revelada diante de todos. E por isso as ovelhas jamais reconhecem o seu chamado. O único chamado a que o rebanho atende é o do real Pastor, que leva as ovelhas ao caminho da salvação.
 
É este caminho que levará cada ovelha à vida plena, completa, abundante de graças e alegrias. Para entrar nesse caminho é preciso passar por uma “porta”, da qual Jesus se faz o representante simbólico em sua pregação. De fato, não há como entrar no curral, não há como fazer parte do rebanho, sem passar pela “porta” que é o Cristo. Não há como participar das alegrias da vida em comunidade, sem aceitar os ensinamentos do Pastor. Não há como viver a vida plena e feliz, sem viver conforme aquilo que o Mestre nos ensinou.
 
Enfim, esta é apenas uma das pregações nas quais Jesus lançou mão de símbolos e comparações. É um método que nos leva a pensar, fazendo com que em nosso interior nos perguntemos onde estamos situados. Estou dentro ou fora do aprisco? Sei reconhecer a voz do Pastor? Ando ouvindo falsos pastores? Ou sou um dos ladrões que pula os muros, em vez de entrar pela portal do curral? Cada um de nós deve achar a resposta para essas perguntas.
 
Amém.
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