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Publicado: Quinta-feira, 20 de abril de 2006

Os Papas entre os Concílios Vaticanos - Leão XIII

Confortado pela proclamação dos dogmas da Imaculada Conceição e da infalibilidade dos Papas, mas sofrendo com a invasão dos Estados Pontifícios, Pio IX faleceu em 7 de fevereiro de 1878. Foi sucedido por Gioachino Pecci, que se tornaria um dos Sucessores de Pedro mais sábios da história da Igreja. Teve um longo pontificado de 25 anos, o segundo em duração na Sé Romana.

É difícil enumerar todas as providências que tomou, entre elas a determinação de que os sacerdotes pregassem a Palavra de Deus em todas as Missas dominicais e de preceito, incentivando o clero à oração e reflexão. Já havia marcado o seu episcopado em Perúgia, abrindo o Seminário onde lecionou por certo tempo. O ensino da Filosofia e da Teologia devia ater-se ao tomismo, de Santo Tomás de Aquino, o que mais adiante tornaria obrigatório para todas as casas de formação sacerdotal superior. Pode ser considerado um dos responsáveis pelo neo-tomismo que encontrou notáveis clérigos e leigos, apoiando-o na primeira metade do século XX.

Em seu pontificado dedicou-se à melhora do relacionamento da Santa Sé com países da Europa, América do Norte e Ásia. Com relação à Itália, sempre exigiu o máximo de autonomia. Incentivou a devoção ao Sagrado Coração de Jesus e ao Rosário de Nossa Senhora. Conseguiu grande expansão e até mesmo a reintegração dos armênios cismáticos e seus bispos na comunhão com a Sé Apostólica. Abriu a Biblioteca Vaticana aos interessados, inaugurou o Observatório do Vaticano e instalou em 1892 a Pontifícia Comissão Bíblica.

Entre os inúmeros documentos, destaca-se a publicação da “Rerum Novarum”, em 1891. Preocupado com as injustiças sociais do capitalismo selvagem e com o avanço das idéias marxistas, esse histórico documento integrou na Igreja os princípios de sua doutrina social, baseada nos valores evangélicos. A “Rerum Novarum” acabou conhecida como a Magna Carta do Trabalhador e a partir dela vários países cristãos adotaram algumas posições intermediárias entre o liberalismo e o comunismo, surgindo assim a democracia cristã. Posteriormente as encíclicas “Quadragesimo Anno” — de Pio XI -, “Octogesima Adveniens” — de Paulo VI — e a “Centesimus Annus” — de João Paulo II, avançaram na formulação da doutrina social da Igreja proposta primeiramente na “Rerum Novarum”.

Vem a propósito lembrar que nesse referido documento Leão XIII defendeu os direitos de os operários terem os próprios sindicatos e organizações para a defesa dos interesses de classe. Foi Leão XIII que nos anos finais de seu pontificado, iniciou a organização da Ação Católica, que mudaria a face da Igreja integrando o laicato nas responsabilidades da evangelização em seus próprios ambientes.

Leão XIII teve a felicidade de celebrar três Jubileus: o de ouro do seu episcopado, o de prata do seu pontificado e o Ano Santo da passagem do século XIX para o XX. Estamos, graças a Deus, diante de um dos maiores Papas de todos os dois mil anos da longa e fecunda história da Igreja Católica Apostólica Romana, nossa Mãe e Mestra, entre o Concílio Vaticano I (1870) e o Concílio Vaticano II (1962/1965). Foram dias difíceis mas de êxito para a Igreja à qual o Espírito Santo enviou grandes Pontífices.

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