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Publicado: Quarta-feira, 12 de abril de 2006

Os Papas dos Concílios Vaticanos - Beato Pio IX

A missão evangelizadora da Igreja foi confiada por Cristo especialmente aos Apóstolos. Hoje ela prossegue empenhada no anúncio da verdade de seu divino fundador, tendo à sua frente os Sucessores de Pedro e os que integram o grande colégio episcopal católico, formado por mais de 4.600 bispos nos cinco continentes. Assim será até o fim dos tempos, como profetizou o próprio Filho de Deus.

Ao lado dos bispos estão os seus principais aliados: os presbíteros e os diáconos, os religiosos e as religiosas, os leigos conscientes e inseridos na vida da Igreja. É fácil perceber que à frente de todos estão os Papas, verdadeiros Pastores do rebanho católico e principais evangelizadores sob a ação do Espírito Santo.

Iniciei em meu último artigo uma reflexão sobre a série dos Papas colocados à frente da Igreja entre o Concílio Vaticano I, encerrado em 1870, e o Concílio Vaticano II, que se prolongou de 1962 a 1965. Impressionam a qualquer um a personalidade, o zelo e as virtudes dos Vigários de Cristo durante esse período.

Pio IX, Cardeal Giovanni Mastai Ferretti, sucedeu o falecido Papa Gregório XVI em 1846. Logo no início de seu pontificado, anistiou mais de dois mil presos políticos dos Estados Pontifícios. Confiou vários cargos importantes a leigos, como a nomeação do Conde Rossi para ser uma espécie de Primeiro-Ministro no governo dos Estados Pontifícios. Pio IX queria empenhar-se a fundo na reforma da Igreja e em sua missão própria de Pastor da cristandade. Forças ocultas, como as da maçonaria, procuravam solapar a sua autoridade. Asilado em Gaeta e contando com a proteção das tropas do rei da França, retornou a Roma em 1850, já restabelecida a ordem na Cidade Eterna.

Esse grande Papa teve que enfrentar outros graves problemas. O primeiro deles foi a invasão dos Estados Pontifícios pelo rei do Piemonte, Vittorio Emmanuele, incentivado por seu ministro Cavour. O plano era colocar Roma e toda a Itália sob o poder de Vittorio Emmanuele, proclamando-o rei. E foi o que aconteceu. As forças da Santa Sé foram vencidas e em 1860 as tropas de Emmanuele ocuparam os Estados Pontifícios e Roma, sitiando o Papa no pequeno território do Vaticano. Pio IX não aceitou nenhuma indenização oferecida pelo rei e considerou-se um prisioneiro do Vaticano. Surgiu assim a histórica “Questão Romana”, distanciando o novo rei e a Itália da Sé Apostólica Romana e da pessoa do Papa, defensor dos bens materiais da Igreja. Tal situação permaneceu sem solução até 1929.

Pio IX dedicou-se a uma reforma da Igreja, lutou contra o liberalismo, escreveu várias encíclicas contra o panteísmo, o nacionalismo, o racionalismo, a maçonaria e o comunismo, que começava a ser organizado na Europa culminando na Revolução Bolchevique de 1917. A realização do Concílio Vaticano I levou o Papa à solene definição dogmática da infalibilidade pontifícia em questões de fé e moral, sempre que falasse “ex cathedra” e como Mestre da Fé. O primado e a infalibilidade dos Sucessores de Pedro na realidade haviam sido instituídas pelo próprio Cristo em suas palavras: “Eu te darei as chaves do Reino dos céus. As portas do inferno não prevalecerão contra ela. Tudo que ligares na terra será ligado no céu... Apascenta as minhas ovelhas, se me amas... Confirma os teus irmãos na fé!”. Aos poucos toda a Igreja foi se unindo em torno dos Papas, especialmente no Ocidente.

O pontificado de Pio IX, que durou 32 anos, foi o segundo mais longo da história da Igreja, atrás apenas do Apóstolo Pedro. Ele faleceu piedosa e santamente em 07 de fevereiro de 1878. Criou novas dioceses na Europa e na América. Reorganizou a Igreja na Inglaterra e na Holanda. Nomeou Cardeais de grande valor, colocando-os à frente de importantes arquidioceses, entre eles o Cardeal John R. Newmann, convertido do anglicanismo que se tornou padre e depois bispo. Pio IX foi declarado Beato no calendário da Igreja Católica no pontificado de João Paulo II, tornando-se digno de veneração pública do povo católico.

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