Os maiores inimigos do aluno
O Fantástico mostrou várias situações difíceis que o aluno passa na escola. Acho que uma das piores é quando o professor entende que o que acontece na sala de aula é de responsabilidade dos pais.
Ele se chama Robson, parece hiperativo, alegre, simpático e ansioso. Aquele que o Fantástico e normalmente todos os professores escolhem para “cristo” para “saco de pancada”. Esse é negro e tem uns doze anos, não mais...
Uma professora o ameaça de deixar sem recreio, e seus colegas são proibidos de falar com ele. Assim na cara dura, diante das câmeras. Imagina sem câmera vendo. Chamam os pais e atormentem a família com sucessivas convocações para falar mal de seu filho.
Os pais sentem vergonha e se sentem diminuídos e para mostrar que são maravilhosos, severos e presentes, somam com a escola para castigar o aluno.
O Fantástico mostra o Robson, negro com uns doze anos de idade. Diante das câmeras, o professor diz para a sua mãe que ele é um aluno que rende, não tem problema de aprendizado. Não é mal educado, então porque o perseguem tanto?
Ele até manda um recado desesperado e sincero diante das câmeras: “não consigo ficar parado…"
Recado e pedido de socorro ignorado pela produção do Fantástico que preferiu escolhê-lo para bode expiatório e até colocou sua mãe para somar com o professor e humilhá-lo.
Sem poder contar naquele momento nem com sua mãe ele fica sozinho, para gerenciar sua dor, sua vergonha e sua ansiedade. O Fantástico mostra vários professores contra o aluno, que pediu socorro e disse da sua única dificuldade que pode até ser um problema: ele não consegue ficar parado, sentadinho durante a aula toda como querem os professores.
Em seguida mostram um professor na sala dos professores, dançando em volta da mesa. Todos os professores em volta da mesa concentrados no Conselho de Classe, e um dançava. O professor alegre e ansioso era bonitinho. O Robson era o vilão da escola pública.
A mãe do aluno Robson, também negra, de vestes simples e cabelo mal tratado demonstrando ser uma pessoa bem pobre. Muitas mães se comportam com a mãe do Robson. Ficam contra o filho. O que aconselhamos é que fiquem do lado de seus filhos, mesmo quando eles erram, não do lado do erro, mas do lado dele, que ele saiba que errar é humano e se pode aprender com o erro.
No caso do Robson, a escola e o professor de má fé e covardemente acham pouco a escola toda contra o aluno e ainda pedem ajuda de sua mãe.
Temos então contra as centenas de Robsons da vida, negros, pobres, alegre e hiperativo, a família os professores, as autoridades e a imprensa. Desta vez foi crucificado pelo Fantástico, programa da Rede Globo que odeia aluno pobre.