Os equívocos do Doutor da USP
Vem a denúncia: uma escola estadual de SP recusa vagas para alunos que estão em liberdade assistida.
No post onde eu faço o comentário específico vem a pergunta preocupada: “e se esse aluno estuprar uma aluna?”
Então funciona assim no Brasil. É o ódio que a imprensa de modo geral incute nas pessoas. Ódio surdo e irracional contra criança e adolescente pobre. Se é aluno de escola pública é um perigo. Se ele for líder ou rebelde, ou mesmo questionador, a escola se encarrega de jogá-lo para fora.
A insegurança e o medo que assola todos chega aos pais de modo assustador.
Um adolescente que cometeu um ato infracional, vai preso sem nenhuma das prerrogativas que tem o criminoso adulto e logo é transformado pela imprensa como o inimigo público número um.
A escola só quer aluno bem bonzinho e conformado. Escola não aceita alguém que cumpriu pena na Fundação Casa, que é apenas uma cadeia de adolescentes, com toda violência que ocorre nas penitenciárias comuns?
O aluno rebelde e líder, mesmo que não tenha passado pela “cadeia” não fica na escola. Quando ele não desiste da escola sob livre e espontânea pressão é levado ao Conselho de Pais e Mestres, onde é apenas um tribunal de exceção, onde o aluno não tem nenhum mecanismo de defesa.
Os pais então são convencidos que ele é má influência e ninguém quer seu filho mal influenciado. O Conselho então usa os pais para expulsar o aluno indesejado.
Polícia na escola é a mesma coisa. Convencidos que a Ronda Escolar é para proteger seu filho, pais acham natural a polícia na escola. Se esquecem que seu filho pode ser a próxima vítima da truculência policial ou do despreparo desses para lidar com problemas pedagógicos.
Um horror, o professor doutor da USP que pede coerção policial na escola para resolver o problema da violência. Segundo a tese de doutorado do Prof. da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queirós da USP, a escola precisa de polícia para conter a violência.
A Rede Globo divulga a tese com "pompa e circunstância".
Os pais com medo e querendo a todo custo proteger seus filhos acabam cometendo o equívoco de ajudar a escola a perseguir os filhos dos outros. Esquecem que nas voltas que a vida dá, seu filho recebendo tão maus exemplos na escola pode amanhã ser a próxima vítima do medo de seus vizinhos, ou pais do coleguinha do seu filho.
A escola usa e abusa da impunidade, mas usa também o medo dos pais, que precisa deixar de ser um medo covarde e paralisante. O medo tem que ser real.
A escola precisa deixar de ser uma situação de risco.
Esse medo sim é um medo efetivo.
Todo adolescente corre risco na escola e o pior risco não vem de um colega que eventualmente cumpriu pena na Fundação Casa.
Se a escola não estivesse ao Deus dará poderia ser uma escola de todos, inclusive de quem quer se reabilitar; os pais deveriam ser os primeiros a apoiar isso.
Preconceito e covardia devem ser matérias banidas da escola pública, entre outras matérias como mentira, canalhice, vagabundagem e etc.