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Publicado: Segunda-feira, 11 de julho de 2011

Os equívocos do Doutor da USP

Vem a denúncia: uma escola estadual de SP recusa vagas para alunos que estão em liberdade assistida.

No post onde eu faço o comentário específico vem a pergunta preocupada: “e se esse aluno estuprar uma aluna?”

Então funciona assim no Brasil. É o ódio que a imprensa de modo geral incute nas pessoas. Ódio surdo e irracional contra criança e adolescente pobre. Se é aluno de escola pública é um perigo. Se ele for líder ou rebelde, ou mesmo questionador, a escola se encarrega de jogá-lo para fora.

A insegurança e o medo que assola todos chega aos pais de modo assustador.

Um adolescente que cometeu um ato infracional, vai preso sem nenhuma das prerrogativas que tem o criminoso adulto e logo é transformado pela imprensa como o inimigo público número um.

A escola só quer aluno bem bonzinho e conformado. Escola não aceita alguém que cumpriu pena na Fundação Casa, que é apenas uma cadeia de adolescentes, com toda violência que ocorre nas penitenciárias comuns?

O aluno rebelde e líder, mesmo que não tenha passado pela “cadeia” não fica na escola. Quando ele não desiste da escola sob livre e espontânea pressão é levado ao Conselho de Pais e Mestres, onde é apenas um tribunal de exceção, onde o aluno não tem nenhum mecanismo de defesa.

Os pais então são convencidos que ele é má influência e ninguém quer seu filho mal influenciado. O Conselho então usa os pais para expulsar o aluno indesejado.

Polícia na escola é a mesma coisa. Convencidos que a Ronda Escolar é para proteger seu filho, pais acham natural a polícia na escola. Se esquecem que seu filho pode ser a próxima vítima da truculência policial ou do despreparo desses para lidar com problemas pedagógicos.

Um horror, o professor doutor da USP que pede coerção policial na escola para resolver o problema da violência. Segundo a tese de doutorado do Prof. da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queirós da USP, a escola precisa de polícia para conter a violência.

A Rede Globo divulga a tese com "pompa e circunstância".

Os pais com medo e querendo a todo custo proteger seus filhos acabam cometendo o equívoco de ajudar a escola a perseguir os filhos dos outros. Esquecem que nas voltas que a vida dá, seu filho recebendo tão maus exemplos na escola pode amanhã ser a próxima vítima do medo de seus vizinhos, ou pais do coleguinha do seu filho.

A escola usa e abusa da impunidade, mas usa também o medo dos pais, que precisa deixar de ser um medo covarde e paralisante. O medo tem que ser real.

A escola precisa deixar de ser uma situação de risco.

Esse medo sim é um medo efetivo.

Todo adolescente corre risco na escola e o pior risco não vem de um colega que eventualmente cumpriu pena na Fundação Casa.

Se a escola não estivesse ao Deus dará poderia ser uma escola de todos, inclusive de quem quer se reabilitar; os pais deveriam ser os primeiros a apoiar isso.

Preconceito e covardia devem ser matérias banidas da escola pública, entre outras matérias como mentira, canalhice, vagabundagem e etc. 

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