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Publicado: Sábado, 16 de fevereiro de 2002

Oposição ao próprio governo

Como é bom ver o Presidente FHC, discursando no exterior e sentir que ele parece um candidato de oposição ao seu próprio governo, porque fala sobre temas que não acaba aplicando em seu governo e que refletem na vida de toda a população.
    Em sua visita à Moscou afirma que o superavit da balança comercial de U$ 2,6 bilhões é ridiculo se comparado ao daquele país, que foi de U$ 60 bilhões. Ora, até agora o seu governo vinha festejando esse pífio superávit como se fosse uma goleada, porque desde o inicio de seu mandato , estamos tendo seguidos déficits em nossa balança comercial.
    Lembram-se do brado ' EXPORTAR OU MORRER , pois nosso presidente teve mais de 7 anos para mudar sua política econômica e cambial, diminuir o Custo Brasil, através de uma reforma tributária e reativar a exportação, portanto ele próprio reprova esse modelo adotado até agora.
    Endossou as criticas aos juros altos, mas disse que a redução não depende dele e sim do mercado. A nossa divida interna aumentou R$ 110 bilhões em um ano e serviu para engordar e rechear os bolsos de investidores e bancos, que nunca lucraram tanto como na era do REAL.
    Vejam os balanços recém publicados e percebam como eles ( o mercado), esta gostando que as regras desse jogo, não sejam mudadas. A critica dessa política suicida veio de gente do próprio PSDB o economista tucano Luiz Carlos Bresser Pereira, em estudo para o programa de governo de José Serra.
    Bresser diz que os juros altos projetam um risco desnecessário para o pais, ao ampliar o nível de endividamento publico e sua relação com o PIB. De 1995 a 2001, o PIB cresceu em termos reais, a taxa de 2,4% a.a, enquanto a divida publica aumentou em média 12,3% a.a. Em 2001 o PIB cresceu 1,7% e a divida publica 9,6% ( Fonte- Gazeta Mercantil).
    Definiu também o FMI e o Banco Mundial, como entidades obsoletas e incapazes, mas segue a risca a cartilha desses organismos, ou seja, política recessiva, juros altos, tudo para manter a estabilidade econômica. Manchete da Folha de São Paulo em 08/02/02 diz que o Brasil precisa manter os juros altos, recomendação da direção do FMI.
    A carga tributária já bateu em 37% do PIB e produziu algumas aberrações tributárias, ou seja, os maiores bancos do pais nunca lucraram tanto como agora, mas pagaram 32% a menos de imposto de renda no ano passado, apesar das tarifas cobradas quadruplicarem de valor.
    Enquanto isso os trabalhadores pagaram 0,38% a mais de imposto com o confisco da não correção da tabela de imposto de renda na fonte, o que aumentou o número de contribuintes de 6 para 11 milhões.
    O secretário da Previdência Social, Vinicius Pinheiro, diz que o principal motivo para o déficit recorde em 2001 de R$ 12,84 bilhões, foi o reajuste de 19,2% nos benefícios do salário mínimo. Coitado do trabalhador que faz o milagre de sobreviver com a fortuna mensal de R$ 180,00.
    Ele se esquece de comentar as renuncias fiscais com clubes de futebol, entidades filantrópicas (apenas de fachada) e principalmente com cerca de 2,5 milhões de burocratas e políticos aposentados, que geram um déficit de R$ 45 bilhões, porque recebem em vida , dez vezes mais que os inativos do setor privado.
    Até parece que o presidente esta voltando aos poucos neste final de seu mandato a ser novamente o sociólogo e a enxergar os problemas que a maioria da população brasileria enxerga diariamente em seu cotidiano, e que talvez no isolamento de Brasília, nossos governantes não consigam enxergar.
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