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Publicado: Segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

Onda insana

Onda insana

Vive-se no Brasil a onda da desfaçatez.

Jamais se atribuiu figuração tão perfeita à movimentação do vai e vem das ondas do mar, como figurar nelas o desenho e a ideia de como repercute a sociedade neste país, infelicitado de todo.

A população, em elevado percentual no seu contingente de desconhecimento de realidades todas, é livremente movimentada a oferecer balbúrdia para causas, cujo âmago nem sabe do que se trata.

Multidões esbravejam, se excedem, enfrentam-se, enquanto a máquina corruptora empreende velocidade infrene no seu descaramento, até pouco tempo, impune.

O populacho, incoerente, enquanto depreda presta-se a se fazer capa na estripulia dos que legislam e governam. Puro desvio de atenções.

Graças ao Judiciário, o poder que ainda se salva conquanto tenha lá seus pecaditos de uma remuneração afrontosa à miséria nacional, esse tomou ou tenta tomar as rédeas da decência para coibir a desfaçatez, tanto dos políticos como do clã pérfido das empreiteiras e quejandos, que detonaram o Brasil.

A ignorância popular, então, essa serve de pano de cobertura. Presta-se vulgarmente a esse desvio de, a título de reivindicações, no fundo servir o opróbrio de executivos e legislativos, estes considerados no seu todo, ou seja, os alojados nos municípios, nos estados e na federação.

Nada nem ninguém se salva desse afrontoso conglomerado.

Se substituições, - “se”, - acontecerem com a condenação dos faltosos, toda fauna se repetirá, quem não sabe? Suplentes não demonstram outro fito senão também o do aproveitamento particular.

De todo modo, mudança no plano municipal, já se poderia fazer e a partir das cidades uma era salvadora ocorrer.

Olha, então, que daqui menos de um ano as alterações estarão nas mãos do povo.

E tudo vai mudar? Claro que não. Veja-se por aqui mesmo que elenco se apresenta. Tanto mais que, juntamente com a hombridade é preciso que os candidatos tragam consigo competência.

Essa dupla de quesitos, hombridade e competência, nessa área, não andam mesmo juntas.

Não se sabe por que, não divulgada como notícia extraordinária, aconteceu o levante popular, pacífico e ordeiro, dos munícipes de Oliveira, cidade de quarenta mil habitantes, em Minas Gerais.

Diante da pretensão de prefeito, secretariado todo e vereadores de aumento de salários, tomaram o recinto da Câmara por dias seguidos e sem arruaça nem agressões, promoveram, ao invés de elevação, redução de vencimentos dos cargos de todos eles.

O povo se impôs.

Ato contínuo, inspirada em Oliveira, mais cerca de meia dúvida de comunas no estado do Paraná, fizeram o mesmo.

Ah, se esse levante se transformasse em ondas que vêm e que vão mas na verdade não param e a nação toda se insurgisse contra a falta de vergonha e de caráter – desfaçatez – no sentido próprio do vocábulo, prática malsã que contaminou por completo a desvalida política nacional.

Ondas, essas, não insanas.

Em suma, ainda não se proibiu sonhar ...

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