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Publicado: Segunda-feira, 27 de outubro de 2008

O Yôga através da História - Parte 6

O Yôga Pré-Clássico é Tantra-Sámkhya
O Yôga Pré-Clássico é a única vertente Tantra-Sámkhya da História, isto é matriarcal, sensorial, desrepressora e naturalista (não-espiritualista). Sua designação completa é: Dakshinacharatántrika-Niríshwarasámkhya Yôga.
 
Este nome é muito esclarecedor, já que define até quais os hábitos alimentares e sexuais do praticante, esclarece que o seguidor dessa corrente professa a liberdade, mas não usa fumo, álcool ou drogas, abomina o misticismo e cultua a Natureza.
 
Estudando o quadro sinótico completo, abaixo, compreenderemos que o Yôga mais antigo é muito diferente de todos os que vieram depois dele. Como o estudante pode observar, a primeira coluna apresenta uma proposta comportamental tântrica, que é matriarcal, sensorial e desrepressora, enquanto que a partir da chegada dos arianos passa a ser brahmáchárya, que é patriarcal, anti-sensorial e repressora. Noutras palavras, ocorreu a primeira grande deturpação do Yôga, invertendo sua proposta original.
 
Correntes incompatíveis
Portanto, primeira barreira é uma fronteira étnica, originada pela guerra entre os invasores arianos e os donos da terra, os drávidas. Trata-se de uma fronteira mais séria que a existente entre Sámkhya e Vêdánta, pois esta outra é apenas ideológica. A que divide o Yôga Pré-Clássico dos que surgiram depois, é uma fronteira de sangue, que custou muita dor, torturas, mortes e escravidão. Foi tão intensa que ficou profundamente impregnada no inconsciente coletivo da Humanidade. Tanto que hoje, 3.500 anos depois, do outro lado do mundo, se um latino – que não é drávida nem ariano, que não estava lá e não tem nada a ver com o conflito – ingressa no Yôga, inevitavelmente, involuntariamente, agrega-se a uma das duas vertentes e torna-se opositor à outra! Se sua opção foi pelo Yôga de raízes tântricas, vincula-se ao setor do inconsciente drávida; ou, ao contrário, se sua opção foi pelo Yôga de raízes brahmácháryas, atrela-se ao do inconsciente ariano. Isso se nota imediatamente pelo fato de que o praticante torna-se fortemente antipático à outra tradição e começa a manifestar atitudes hostis com relação a ela.
 
A primeira reação que temos ao tomar contato com essa realidade é a de não aceitar o antagonismo e querermos conciliar as duas correntes. Infelizmente, todos os que o intentaram foram execrados por ambas, como se fossem duplos traidores. Quando o leitor estudar o tema egrégora, vai entender o motivo pelo qual um indivíduo é sempre o elo mais fraco, que se rompe ao tentar interferir com fenômenos grupais, especialmente se envolvem muitos seguidores, se a egrégora é antiga e já está consolidada. Como este assunto é suficientemente explanado no nosso livro Encontro com o Mestre, não vamos repetir aqui aquelas explicações, mas recomendamos veementemente a leitura da obra mencionada.
 
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