O vexame de Viracopos
O episódio recente em que o aeroporto de Viracopos ficou fechado durante 45 horas por causa de um avião quebrado na pista chama a atenção para a precariedade da infraestrutura aeroportuária no Brasil. Além de segundo maior terminal de carga do País, em 2011 transitaram em Viracopos 7,5 milhões de passageiros, número que deve alcançar 9 milhões neste ano. Durante a interrupção, cerca de 500 voos foram cancelados, prejudicando 27 mil passageiros, com prejuízos estimados em R$ 20 milhões. A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) aplicou multa de R$ 2,8 milhões à empresa de carga que provocou o problema.
Mas o problema não é só este. O incidente não é fato isolado, e inerente à própria operação, pode se repetir. O que preocupa de verdade é o despreparo de um aeroporto do porte de Viracopos para enfrentar uma crise. Primeiro, porque especialistas explicam que, houvesse recursos, equipamentos no local, e profissionais melhor treinados. O problema poderia ser corrigido na metade do tempo. Segundo, porque é inconcebível um aeroporto com a importância de Viracopos não ter uma segunda pista.
Pela importância estratégica, a aviação civil brasileira não pode ser tratada dessa forma. Segundo a Iata (The Air Transport Association, na sigla em inglês) e Oxford Economics (consultoria econômica), no ano passado, o setor contribuiu com R$ 32 bilhões, 1% do Produto Interno Bruto (PIB) do País. Além disso, gera quase 1 milhão de empregos, 700 mil deles diretos. De acordo com a Anac, em 2011 viajaram de avião 86 milhões de passageiros, número que deve quadruplicar até 2030.
É para colocar os pingos nos is e lutar contra situações absurdas como esta, foi que surgiu a Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear). Além de estimular o hábito de voar, a entidade pretende implantar programas para desenvolver o transporte aéreo de passageiros e carga e fortalecer a cadeia produtiva. Isso será feito por meio do contínuo relacionamento com o setor público, entidades de classe e consumidores.
A Abear nasce no momento em que o transporte aéreo já supera o rodoviário interestadual, e o Brasil enfrenta o desafio de organizar a Copa do Mundo em 2014 e a Olimpíada de 2016. Começa com o pé direito, ao escolher o seu presidente. Eduardo Sanovicz é um consagrado profissional de Turismo, com sólida formação acadêmica no setor.
*Este texto foi publicado originalmente na coluna Viagens de Negócio, de Fábio Steinberg, no dia 24 de outubro de 2012, no Diário do Comércio da Associação Comercial de São Paulo.
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